O USO DOS ÉCRANS
REFORÇADORES NAS RADIOGRAFIAS
Prof.
Dr. João Eduardo Irion
Em janeiro de 1896, Campbell Swinton sugeriu a tomada
de radiografias com o uso de écrans reforçadores. Em abril, experimentalmente,
ele constatou a possibilidade de se fazer uma radiografia em alguns segundos,
no lugar de minutos, com o uso de um écran fluorescente em contacto com uma
chapa fotográfica, mas verificou a perda de qualidade da radiografia. Ele
constatou que a menor granulação do écran melhora a resolução, mas aumenta o
tempo de exposição necessário para a obtenção da imagem.
A prioridade do uso de écrans reforçadores na prática
médica é atribuída a Michael Pupin de Chicago. Em fevereiro de 1896, ele
precisou radiografar a mão de um caçador ferido com grãos de chumbo. Como o
paciente não podia suportar o longo tempo de imobilização necessário para obter
a radiografia, Pupin colocou um écran sobre a chapa fotográfica e conseguiu, em
alguns segundos, obter uma imagem aceitável.
No ano seguinte, o Dr. Max Levy propôs o uso de dois
écrans em filmes com dupla camada sensível. Apesar da evidente redução no tempo
de exposição, muito tempo decorreu até que os écrans reforçadores fossem usados
rotineiramente. Atribui-se que a resistência ao uso deve-se à qualidade dos
primeiros écrans reforçadores, nos quais eram usados sais naturais, cuja
granulação não era uniforme e as impurezas de outros materiais que continham,
degradavam as imagens. Outro defeito dos primeiros écrans que foram usados era
a o fato de que o brilho nos sais persistia após cessar a exposição aos raios e
degradava a qualidade das radiografias.
O aperfeiçoamento dos écrans reforçadores se deve a
Carl V. S. Patterson e sua empresa Patterson Screen Co. Em 1910, a empresa
começou a fabricar écrans com sais naturais de tungstato de cálcio, mas, em 1916,
Patterson lançou os écrans com tungstato de cálcio sintético, eliminando os
inconvenientes das impurezas e da granulação grosseira.
Em 1918, as radiografias já eram feitas com filmes
entre um par de écrans: o écran anterior (voltado para o tubo de raios X) tinha
cristais de granulação fina e o posterior com cristais de granulação mais
grossa, para compensar a atenuação dos raios X ao atravessar o filme, fazendo
com que o brilho dos dois écrans fosse idêntico em cada lado da película.
Em 1921, Patterson lançou o écran lavável, protegendo a
camada de cristais com uma tela transparente, evitando o custo da substituição
dos écrans sujos ou contaminados. Em 1924, a Patterson Screen Company lançou o
écran com a marca “Par-Speed” que por décadas foi usada pelo mundo como
equipamento padrão. Finalmente, a qualidade dos écrans venceu a resistência e
seu uso tornou-se universal entre a década de 1930 e de 1940.
O aperfeiçoamento dos écrans
não cessou e foi mantida a pesquisa de cristais com melhor fluorescência e, com
isso, o tungstato de cálcio foi substituído pelo sulfato de bário e chumbo.
Em 1971, a Kodak lançou
um écran emissor de radiação ultravioleta. O avanço final na qualidade dos
écrans aconteceu quando eles passaram a ser fabricados com sais de terras raras,
como resultado das pesquisas realizadas por Buchanan, Finkelstein e Wichersheim,
no início dos anos 70, para encontrar materiais para as telas de televisão
colorida. A partir de 1972 a 3 M lançou no comércio écrans com base nesses
materiais, tais como, o oxissulfito de gadolínio, o oxibrometo de lantânio, o
oxissulfito de ítrio e o fluoreto de bário.
O DIAFRAGMA POTTER
BUCKY
O uso rotineiro do diafragma Potter-Bucky só foi possível
depois que passaram a ser usados os filmes com dupla e écrans reforçadores
duplos que permitiam a redução do tempo de exposição das radiografias.
Em 1913, o alemão Holllis Elmer Potter inventou a grade antidifusora
composta de delgadas lâminas de chumbo com pequeno espaço entre elas e
orientadas, segundo o ângulo de divergência dos raios principais, para
permitir-lhes a passagem e deter a radiação secundária dispersa que se forma
nos tecidos radiografados. Potter usou duas grades estacionárias, uma entre o
tubo e o paciente e outra entre o paciente e a chapa fotográfica. O processo
melhorou a qualidade da imagem com a desvantagem de ficar registrada a imagem
da grade sobre a imagem radiográfica. Esse inconveniente foi corrigido em 1917
pelo Dr. Peter Gustav Bucky que usou só a grade colocada entre o paciente e a
chapa fotográfica. Buchy usou um motor para mover a grade durante o tempo de
exposição para que o movimento eliminasse a sobra nas radiografias.
A combinação da grade com o motor constitui o dispositivo
hoje em uso universal nos equipamentos médicos de raios X que é conhecido como
“Diafragma Potter-Bucky” em homenagem
aos dois inventores.
BIBLIOIGRAFIA
Screen
Film Processing System for Medical Radiography: A Historical Review
Arthur
G. Haus and John E. Cullinan
Health
Sciences Division, Eastman Kodak Company, Rochester, New York
Volume
9, Number 6, Monograph #149 November, 1989 RadioGraphics I pg 203
Timeline for film history em acesso
em 02/10/13 http://www.brightlineinteractive.com/_projects/NPS-CS/flash/pdf/2.3.1a.pdf
Postagens anteriores:
HISTÓRIA DAS RADIAÇÕES NO DIAGNÓSTICO MÉDICO – ONDAS DE CHOQUE - RUÍDO E SOM - PERCUSSÃO E AUSCULTA.
HISTÓRIA DAS RADIAÇÕES NO DIAGNOSTICO MÉDICO = ONDAS DE CHOQUE - PULSO E PRESSÃO ARTERIAL.
HISTÓRIA DAS RADIAÇÕES NO DIAGNÓSTICO MÉDICO – ESPECTRO ELETROMAGNÉTICO = RAIOS X
HISTÓRIA DAS RADIAÇÕES NO DIAGNÓSTICO MÉDICO – ESPECTRO ELETROMAGNÉTICO
A HISTÓRIA DAS RADIAÇÕES NO DIAGNÓSTICO MÉDICO - AS PRIMEIRAS RADIOGRAFIAS, A CHEGADA DOS RAIOS X NO BRASIL - OS RAIOS X NAS GUERRAS - A HISTÓRIA DA EVOLUÇÃO DOS TUBOS DE RAIOS X - A HISTÓRIA DA FLUOROSCOPIA - A HISTÓRIA DA ABREUGRAFIA
HISTÓRIA DOS FILMES RADIOGRÁFICOS
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