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sábado, 5 de outubro de 2013

A HISTÓRIA DAS RADIAÇÕES NO DIAGNÓSTICO MÉDICO - RAIOS X - QUINTA PARTE = HISTÓRIA DOS MEIOS DE CONTRASTES NA RADIOLOGIA

OS MEIOS DE CONTRASTE  NA RADIOLOGIA


Prof. DR. João Eduardo Irion
A PRIMEIRA ANGIOGRAFIA

A radiografia da mão da Sra. Anna Bertha mostrou a diferença de absorção dos raios X entre os ossos e tecidos moles e não se sabe quem cunhou o termo “contraste” para expressar o fato. Logo após as primeiras radiografias do esqueleto, os pesquisadores procuraram alargar o campo de ação da nova radiação em medicina com a criação de contrastes artificiais para estudar os órgãos e os tecidos moles. A primeira tentativa nesse sentido ocorreu em Viena em janeiro de 1896, onde Eduard Haschek e Otto Lindenthal realizaram a primeira angiografia, injetando na mão de um cadáver, uma mistura de cal, mercúrio e petróleo.

O CONTRASTE NO TUBO DIGESTIVO

A seguir começaram as tentativas de opacificar, por meio de injeção de substâncias contrastadas, as cavidades do tubo digestivo e também da bexiga. Já em 1896, Walter Cannnon na Harvard Medical School, usou cápsulas de bismuto para estudar a fisiologia da deglutição em gansos por meio de radiografias.
Em 1904, Reider em Viena usou uma mistura radiopaca para exame do estômago e duodeno. Inicialmente foi empregado bismuto que, a partir de 1910, foi sucedido pelo sulfato de bário, cuja tendência para a precipitação foi resolvida pela indústria farmacêutica em 1920, com a suspensão coloidal estável desse sal.
A primeira tentativa de examinar o intestino grosso ocorreu por meio de um enema aplicado com uma mistura de óleo e bismuto. Depois veio o enema com bário. O enema baritado com duplo contraste foi criado por Laurel em Uppsala, na Suécia, em 1921.
Entre as décadas de 30 e 60, um outro tipo de contraste foi utilizado: o dióxido de tório coloidal, o qual produzia imagens nítidas e consistentes e reduzia a chance de consti­pação intestinal. Esse produto também foi empregado como contraste vascular, mas seu uso foi suspenso porque o tório é um elemento radioativo emissor de radiação α e seu acúmulo no fígado e na medula óssea causou cânceres em pessoas entre 20 e 30 anos depois que realizaram o exame radiológico..

A PNEUMOVENTRICULOGRAFIA

Em novembro de 1912, Lachett Estenvard descobriu ar nos ventrículos em um paciente com fratura de crânio.
Cabe a Valter Dandy, cirurgião de Baltimore, a realização da primeira pneumoventriculografia. Ele começou suas pesquisas fazendo experiências em cães injetando-lhes substâncias radiopacas nos ventrículos (tório, potássio, sais de bismuto), mas os animais morriam. Decidiu então usar gás e depois de novas experiências bem sucedidas em animais, Dandy realizou a primeira pneumoventriculografia numa criança hidrocefálica em 1918. Em 1920 Dandy publicou o trabalho "Localization or elimination of cerebral tumor by ventrieulography".

A PRIMEIRA RADIOGRAFIA CONTRASTADA DO SISTEMA CIRCULATÓRIO “IN VIVO”

A primeira radiografia feita com o uso de contraste, administrado por via vascular “in vivo” foi realizada, em 1919, pelo Dr. Carlos Heuser, radiologista argentino. Ele fez com sucesso uma flebografia, injetando na mão de um paciente uma solução de iodeto de potássio. O “mundo científico da época” não tomou conhecimento dessa experiência porque ela foi escrita em espanhol e publicada numa revista que circulou somente na Argentina. [1]

A ANGIOGRAFIA CEREBRAL

A angiografia cerebral foi criada pelo médico português Egaz Moniz que por seu trabalho recebeu o Prêmio Nobel de Medicina e Fisiologia em 1949. A primeira angiografia cerebral foi feita por Muniz em um paciente, com injeção de iodeto de sódio na carótida.

A MIELOGRAFIA

Em 1921, o Dr. J. Forestier e o Dr. J Sicard criaram o Lipiodol um óleo iodado que permitiu a opacificação do espaço epidural e a realização da mielografia. Aprimeira mielografia foi realizada por J. Licord em m1931, injetando contraste no espaço subaracnoideo.

O CATETERISMO CARDÍACO

O pioneiro do cateterismo cardíaco foi o alemão Werner Frosmann, Prêmio Nobel de Medicina e Fisiologia em 1929, ano em que introduziu um cateter na própria veia, levando-o até a aurícula direita e confirmou sua posição por meio de radiografias.

A UROGRAFIA EXCRETORA

O exame contrastado do sistema urinário passou por duas fases: na primeira fase, houve o uso de contrastes iodados inorgânicos para a realização de cistografia retrograda; na segunda fase, passou-se a usar contrastes iodados orgânicos para realização da urografia excretora.
A urografia excretora foi desenvolvida pelo Dr. Moses Swick, urologista do Mount Sinai Hospital, depois de tentativas sem sucesso de outros pesquisadores. Em 1929, o Dr. Moses apresentou seu trabalho sobre o uso do Uroselectan (ou Iopax) na realização da urografia excretora.

A COLECISTOGRAFIA

A colecistografia (depois chamada de colecistograma) foi desenvolvida a partir das pesquisas em coelhos e cães que Warren Henri Cole, então estudante de medicina, realizou usando compostos iodados opacos aos raios X que eram eliminados pela bile. Em 1923, ele obteve a primeira imagem da vesícula de um cão depois da aplicação endovenosa de tetrabromofenolftaleína.
Em 1924, o método foi empregado pela primeira vez no ser humano. Inicialmente, as colecistografias eram feitas depois da injeção intravenosa de tetrabromofenolftaleína de cálcio, e depois com a administração intravenosa de tetraiodofenolftaleína de sódio que produzia menos efeitos colaterais.
Quando Cole verificou que o contraste eliminado na bile era reabsorvido no intestino e reexcretado, mantendo a opacidade da vesícula por mais de um dia, mudou a via de administração de venosa pela via oral.
O colecistograma passou a ser o exame rotineiro de vesícula a partir de 1925, e, como tal, se manteve até o advento do uso do ultrassom no diagnóstico médico. A partir década de 70, a colecistografia foi gradativamente substituída pela ultrassonografia.

BIBLIOGRAFIA

Taming the Rays: A hisitory of radiation and protection – Editora www.lulu. Com 2008.
COLE, W.H. - Historical features of cholecystography. Radiology 76: 354-375, 1961.
GOODMAN, P.C. - Historia. In MAARGULIS, A.R., BURHENNE, H.J.(org.) - Radiologia del aparato digestivo (trad.), 4.. ed., Buenos Aires, Ed. Medica Panamericana, 1991.
http://en.wikipedia.org/wiki/Werner_Forssmann


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HISTÓRIA DAS RADIAÇÕES NO DIAGNOSTICO MÉDICO = ONDAS DE CHOQUE - PULSO E PRESSÃO ARTERIAL.
HISTÓRIA DAS RADIAÇÕES NO DIAGNÓSTICO MÉDICO – ESPECTRO ELETROMAGNÉTICO = RAIOS X
HISTÓRIAISTÓRIA DAS RADIAÇÕES NO DIAGNÓSTICO MÉDICO – ONDAS DE CHOQUE - RUÍDO E SOM - PERCUSSÃO E AUSCULTA.
 DAS RADIAÇÕES NO DIAGNÓSTICO MÉDICO – ESPECTRO ELETROMAGNÉTICO

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A HISTÓRIA DOS FILMES RADIOGRÁFICOS

A HISTÓRIA DOS ÉCRANS REFORÇADORES

A HISTÓRIA DO DIAFRAGMA POTTER-BUCKY


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[1] Segundo Geoff Meggitt no livro “Taming the Rays”.

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