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sábado, 22 de junho de 2013

AS LARANJAS E O ARCO IRIS



Dr. João Eduardo Irion


Apresento os amigos que me honram com a fequência neste blog o meu livro “As Laranjas e o Arco Íris” cuja primeira edição saiu em 1.986, seguindo-se outras edições em 1.989, 1990, 1991 e 1997. Com o título “As Laranjas e o Arco-Íris - Lições de Cooperativismo”, o livro foi editado em Portugal pela Escola Profissional de Economia Social da cidade do Porto em 1996.
Esse livro, cujas edições se esgotaram, foi um modo ameno que usei para divulgar os “Sete Princípios do cooperativismo”. Trata-se da história de um grupo de pessoas que certo dia se encontram quando iam à feira comprar laranjas e resolvem fazer a compra em comum. A cada dia que vão às compras discutem como fazê-lo em conjunto e de cada discussão descobrem um novo princípio do cooperativismo.
Criei várias personagens, um que acredita em tudo, outro que duvida de tudo, um que leva tudo na brincadeira, aquele que nunca fala, o mais convicto da idéia que assume a liderança do grupo e se converte em teórico e assim por diante. Ao final eles montam uma cooperativa de consumidores de laranjas.
Além das edições acima, (vinte mil exemplares no Brasil e cinco mil em  Portugal) o livro foi publicado em quadrinhos num jornal de cooperativismo que existiu em Santa Maria nos anos 90 e no ano 2000 foi convertido e apresentado como peça teatral e por um grupo de jovens cooperativista na cidade de Mairiporã no Estado de São Paulo.
A capa das edições brasileiras foi criada por minha filha Débora e não foi impressa em cores para não encarecer as edições.
Para acessar o texto do livro use este link.



terça-feira, 18 de junho de 2013

Pronunciamento do Dr. João Eduardo Oliveira Irion ao receber o título de Membro Honorário da Academia Sul-Rio-Grandense de Medicina

Solenidade realizada dia 29 de maio de 2011 no auditório em Porto Alegre do Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio Grande do Sul..

O Acadêmico Dr. Gustavo Py Gomes da Silveira, Presidente, entrega ao Dr. João Eduardo Oliveira  Irion o título de Membro Honorário da Academia Sul-Rio-Grandense de Medicina
Acadêmico Dr. Gustavo Py Gomes da Silveira, Presidente da Academia Sul-Rio-Grandense de Medicina, autoridades das Entidades Médicas, Acadêmicos presentes, minha esposa Márcia, minha filha Débora, meu genro José Pedro e meus netos Bruno e Lucas.
Senhoras e Senhores,
Agradeço a honra de receber o titulo de Membro Honorário da Academia Sul-Rio-Grandense de Medicina. Essa distinção me orgulha porque representa a decisão dos médicos acadêmicos os quais representam a elite na Medicina no Estado para me incluir entre os médicos já homenageados pela Academia os quais, mais do que eu, são os destaques na Medicina Gaúcha.
Estou no quinquagésimo sexto ano de exercício da profissão e desde o primeiro dia de exercício profissional procurei praticar o que diz a definição consagrada de Medicina, considerado-a como ciência e arte. Entendo a Medicina como ciência porque ela usa métodos científicos para acumular conhecimento. A Medicina ciência exige estudo permanente a experiência que nos é transmitida em aulas, nas conferências e livros e e adquire com o saber acumulado com a prática profissional. Para me justificar na Medicina como Ciência, fui e sou um estudante compulsivo.
A medicina é arte porque os atos médicos exigem habilidade, porém, mais do que isso, a Medicina se qualifica como arte porque se compõe de sentimentos de solidariedade, compaixão e amor. Assim,  como arte, ela busca conservar o que de mais belo existe, a vida humana. Para me justifica na Medicina como Arte procurei dar o maior respeito e oferecer o melhor de nossos conhecimentos aos pacientes.
Com meus mestres aprendi que “o conhecimento que não se transmite não é conhecimento”. Com esse pensamento ansiosamente procurei transmitir, dentro de minhas limitações, o que aprendi no estudo e na prática profissional. Foi assim que tive a felicidade de ser Professor e, em homenagem aos alunos, fiz o melhor que pude nas aulas, nos meus trabalhos científicos e nos livros que publiquei.
Também tive a honra de atender os chamados das entidades da classe médica, como simples associado, como colaborador e como dirigente. Isso aconteceu num crescendo, inicialmente em âmbito da cidade de Santa Maria, depois no Estado do Rio Grande do Sul, a seguir no meio nacional e por fim no ambiente internacional. Trabalhei para a comunidade e para a classe médica, convicto que a Sociedade e a Medicina avançam quando o esforço coletivo aperfeiçoa o exercício profissional. Assim, Medicina, Magistério e Associativismo são os três pilares que orientam minha vida como profissional e cidadão.
Renovo meus agradecimentos pela distinção que recebi. O título de Membro Honorário da Academia Sul-Rio-Grandense de Medicina me honra.
Muito obrigado.

DEFINIÇÃO DE MEDICINA:


“A Medicina é ciência e arte. Os métodos científicos a fazem ciência. A habilidade do médico e os sentimentos de solidariedade, de compaixão e amor que existem na relação médico-paciente qualificam a Medicina como arte porque, como arte, ela busca conservar o que de mais belo e precioso existe: a vida”. J. Irion.

segunda-feira, 17 de junho de 2013

QUERUBISMO – RELATO DE CASO


Dr. João Eduardo Irion
Dr. Clóvis Bornemann Dra. Clarissa Bornemann

                
 









O nome dessa enfermidade foi atribuído ao fato de que as crianças com essa alteração têm o aspecto de anjos querubins, ou seja, as maçãs do rosto do paciente estão aumentadas e os olhos voltados para cima.
Tratas-se de uma displasia fibrosa  familiar, autossômica dominante. Manifesta-se na infância com óssea bilateral na região maxilar/mandibular que se estabiliza na adolescência.. Os primeiros sinais da deformidade se observam entre 2 e 4 anos de idade. A progressão é lenta e assintomática., Na maioria dos caso somente a mandíbula está afetada. Radiologicamente os ossos envolvidos possuem múltiplas áreas radiotransparentes, com a cortical deformada e deslocamento dentário, especialmente dos primeiros molares.
                      
                        
As radiografias mostram áreas radiotransparentes septadas nas maxilas e mandíbula. É evidente o deslocamento dos dentes e na mandíbula é mais fácil de se identificar o afilamento cortical.

       História: C.M. feminina,  11 anos, encaminhada para cintilografia óssea com  diagnóstico de Querubismo pra excluir outros locais com displasia..
           Foram obtidas imagens de corpo inteiro e cintilografias planas da face cintilografias e cintilografias ampliadas com técnica de colimador pinhole, sendo evidenciada na cintilografia de corpo inteiro leve deformação do membro inferior esquerdo.



    



As cintilografias da face mostram aumento do volume e da radioatividade das maxilas com áreas fotopênicas multiloculares e aumento da osteogênese também nos ramos da mandíbula  com extensão para o corpo.


O diagnostico diferencial para lesões na região maxilar/mandibular com áreas císticas multiloculares nas radiografias incluem cistos traumáticos, queratocistos, odontogênicos, ameloblastomas, osteomielite, cistos ósseos aneurismáticos, hemangioma, e granuloma reparativo de células gigantes, entre outros.

BIBLIOGRAFIA
Diagnosis of Bone and Joint Disorders – Resnick 4ª ed., vol. 4, 4077;
Bone Scintigraphy if Benign Jaw Lesions, - Int. J. Oral Surg;; 7(6)::528-33

domingo, 16 de junho de 2013

PANEGÍRICO AO DR. JOSÉ MARIANO DA ROCHA FILHO FUNDADOR DA UNIVERSIDADE DE SANTA MARIA PATRONO DA CADEIRA Nº 19 DE ACADEMIA SANTA-MARIENSE DE LETRAS

      No ano de 2011 tive a honra de ser eleito membro da Academia Santa-Mariense de Letras e a felicidade de ocupar a cadeira nº19 cujo Patrono é o Professor Doutor José Mariano da Rocha Filho, Reitor fundador da Universidade de Santa Maria.
Na solenidade de investidura na Academia Santa-Mariense de Letras a Acadêmica Lígia Militz da Costa, Presidente da Academia entrega o diploma de Acadêmico ao Dr. João Eduardo Oliveira Irion.
     O panegírico que na ocasião dediquei ao Reitor Dr. José Mariano da Rocha Filho, o qual está anexo pode ser acessado por este link. O trabalho descreve a luta de Mariano para criar a Universidade em Santa Maria, e destaca a contribuição do Professor Dr. José Mariano na interiorização do ensino superior no Brasil e sua influência na modernização do ensino universitário no Brasil e na América Latina.

Leitura do Panegírico ao Dr. José Mariano da Rocha Filho, Patrono da Cadeira n° 19 pelo Acadêmico Dr. João Eduardo Oliveira Irion na solenidade de posse.
    A leitura desse trabalho é importante para quem deseja conhecer a extraordinária personalidade do Reitor da UFSM, sua ímpar contribuição na história do Ensino Superior no Brasil e a influência que a Universidade exerceu na transformação de Santa Maria de Cidade Ferroviária em Cidade Universitária.
Acadêmicos presentes á solenidade de investidura.

quinta-feira, 13 de junho de 2013

O ÚLTIMO NÃO APAGA A LUZ


João Eduardo Oliveira Irion
Da Academia Santa-mariense de Letras

Crônica publicada no livro “Em Prosa e Verso IV” -2012
Da Academia Santa-mariense de Letras

O prédio hoje.


Nos anos vinte do século vinte, Cacequi já tinha cinema. Não sei com quantos anos vi pela primeira vez uma sessão no cine Rex: talvez com cinco anos e, se assim foi, o fato data do ano de 1934. Das sessões que vi guardo lembranças de infância, algumas que são vagas, outras muito nítidas, mas todas coloridas com a imaginação de criança, e a soma delas, as reais e as  imaginárias estão nesse relato.
O cinema em Cacequi começou antes de mim, mas mesmo assim ainda assisti a alguns filmes mudos. Lembro vagamente que a projeção se acompanhava de alguém tocando piano na frente do pano onde ocorria a projeção e que hoje atende pelo nome elegante de “tela”.
Como explicar a presença de um músico nessas sessões? Ele era necessário para encher a platéia de som, ganhando uns trocados, e agora penso que, depois do cinema ele tocava na bailanta da Rua dos Cachorros, a única rua que então tinha nome em Cacequi.
Lembro que o pano da projeção era molhado para ficar esticado e refletir melhor a precária imagem projetada. Lembro que os pagantes ficavam na platéia, e quem não podia pagar assistia ao espetáculo no outro lado do pano, vendo as imagens e os textos às avessas, sem que o fato fosse importante para essas últimas pessoas, quase todas analfabetas.
Depois veio o progresso. Foi no cinema Rex que os cacequienses viveram a sensação do primeiro filme falado e, bem mais tarde, assistiram ao primeiro filme colorido. Eu estive nas duas sensações, mas não lembro os nomes das películas projetadas.
Para minha visão de criança o cinema Rex era o maior prédio de Cacequi. Por fora a fachada, pintada de cinza, (ou era verde claro?), aparentava dois andares. No nível da calçada, existiam duas portas e um guichê para a compra das entradas. No andar de cima haviam três janelas.
A fachada era enfeitada com cartazes dos filmes, uns pendurados nas paredes junto às portas e outros colocados em cavaletes na calçada. Eles anunciavam o filme do dia e a programação da semana.
Por dentro do Cine Rex, no andar térreo, a platéia tinha piso levemente inclinado para facilitar a visão. As cadeiras no inicio, eram soltas, do tipo colonial com assentos de palha. Depois foram colocados renques de cadeiras ligadas umas às outras, com assentos dobráveis, formando dois conjuntos. Cada conjunto era separado das paredes por corredores laterais e um era separado do outro por um corredor central. Não havia estofamento nas cadeiras nem tapetes nos corredores, (pela modéstia do prédio e com por causa do areal das ruas de Cacequi, que não eram calçadas e por isso não haveria tapete que agüentasse.)
Na frente da platéia  estava o pano quadrado com uns dez metros de lado. Não havia palco.
Se, por fora, o prédio parecia existir dois andares, por dentro havia um só ambiente, suficientemente alto para ter, junto à parede oposta ao pano de projeção, onde estava o hall de entrada, um “mezanino”, nome elegante para designar o que o povo apelidava de “poleiro”, tal sua rusticidade. O dito mezanino era um piso que ia de lado a lado do prédio e tinha uma profundidade de uns dez metros, onde existiam duas toscas arquibancadas de madeira, do tipo usado em circos, com uns cinco degraus. Elas  ficavam de cada lado do quartinho central do que hoje seria chamado de cabine de projeção onde estava a única “máquina de cinema” (máquina projetora). A cabine tinha uma porta traseira e na frente, duas aberturas quadradas, cada uma com um palmo de lado, uma servia para a saída do facho de luz da projeção, levando as imagens em direção ao “pano” e a outra utilizada pelo operador da maquina, para controlar a projeção e examinar a platéia.
“Hoje vou de poleiro” dizia quem só podia pagar pouco, ou quem queria economizar, porque o preço da entrada do poleiro era muitas vezes menor que da platéia, não sei exatamente quanto, talvez um milréis para entrar na platéia e quinhentos réis para “ir” de poleiro. O público no poleiro era formado por peões, carregadores de malas da estação dos trens, changueiros, molecadas, guarda-freios, tucos, (nome dado aos ferroviários mais humildes que trabalhavam na conservação da linha férrea) e todos os outros que gostavam de cinema e não tinham muito dinheiro. Muitas vezes fui ver filmes de poleiro, especialmente os seriados e os farvestes (não se dizia faroestes), que chamávamos filmes de mocinho, e o fazia porque era mais sensacional assistir as proezas dos mocinhos junto com a gurizada.
Os filmes eram popularmente classificados em trailers, jornais, filmes de amor, comédias, filmes de terror, filmes de aventuras, farvestes, filmes de mocinhos e seriados. Não havia classificação para desenhos animados porque ainda não existiam desenhos de longa metragem e, só de vez em quando, “passava” um desenho do Michey ou do Popeye como complemento da sessão.
Os seriados eram compostos de episódios, já não lembro quantos, (uns dez talvez,). Passavam um por semana sempre depois de faroeste, num determinado dia que não lembro, acredito que todas as terças feiras. Cada episódio do seriado sempre terminava em suspense para deixar a gente na expectativa de ver, na semana seguinte, como o mocinho sairia da encrenca em que se metia no fim de cada capítulo. Era um desastre se perder um capítulo. Diziam que em Santa Maria e Porto Alegre a “gente podia ver de uma só vez um seriado i-n-t-e-i-r-i-n-h-o”, (e a palavra era praticamente soletrada por quem comentava o fato), para esse privilegiado causar inveja na gurizada. Lembro que vi, um a um, todos os capítulos de muitos seriados, entre eles o clássico “Flash Gordon no Planeta Mongo”, que empolgou a mim e a todo mundo infanto-juvenil e muitos adultos cacequiense, com as primeiras viagens espaciais, ainda que fossem imaginárias naquela época.
O cine Rex era equipado com só um projetor e, assim, o filme era passado por partes. A fim de cada parte, a projeção era interrompida para a mesma máquina de projeção rebobinar o filme e o operador colocar na projetora o rolo da parte seguinte. A interrupção tomava uns minutos e, nesse espaço de tempo, chamado de “intervalo”, a luz era acesa e se podia conversar, comprar balas, (não havia pipocas), e era oportunidade para conversa entre amigos e o flerte dos moços.
Algumas vezes, o filme rebentava e parava a projeção; outras vezes a interrupção acontecia quando o filme aquecia e queimava. Nesses intervalos anormais o filme era emendado, e foi assim que aprendi a colar filmes, consegui muitos pedaços de “fitas” resultantes desses remendos e minha curiosidade sobre técnica do cinema foi aguçada.
Nos intervalos, quanto eu “ia de poleiro” aproveitava a oportunidade para eu., quando ia de poleiro, meter a cabeça na porta da cabine e ver o concerto dos filmes,  olhar a rebobinagem e reposição dos rolos e para ver, para entender, como era a máquina de projeção. Dessa maneira, vi as partes essenciais do projetor: uma fonte muito forte de luz, (mais tarde quando meus conhecimentos de física avançaram no ginásio, soube que era um “arco voltaico”), na frente da luz, havia uma lente convergente e entre esses dois componentes o filme corria entre dois rolos, o de cima com o filme que ira passar e o de baixo para enrolar o filme já passado.
O arco voltaico era uma fonte de luz muito intensa e irradiava muito calor e às vezes queimava o filme quando ele não rodava na velocidade certa.
Ter um cinema numa vila era exceção no Estado, mas Cacequi tinha esse privilégio já no fim da década de 20, tudo graças a iniciativa de um pioneiro cujo nome nunca eu soube para aqui citá-lo, mas mesmo assim o homenageio para fazer-lhe justiça pela coragem, pioneirismo e iniciativa. O cinema foi possível porque já nessa época Cacequi tinha um segundo privilegio: possuir sua usina de luz elétrica de propriedade do Seu Zimmerman, a quem também presto homenagem pelo pioneirismo. A corrente fornecida era contínua e, por isso, a intensidade da iluminação dependia do número de lâmpadas acesas na vila, num determinado momento. Falo só de lâmpadas porque ninguém tinha outros aparelhos elétricos, salvo alguns rádios, uma vez que não havia, na época, refrigerador ou qualquer tipo do que hoje se chama de eletrodoméstico. Assim a intensidade da luz fornecida para cada lâmpada acesa dependia, em tempo real, do consumo das demais lâmpadas da vila.
O arco voltaico do projetor do cinema exigia muita energia e, enquanto o cinema estava funcionando, em todas as casas as lâmpadas esmaeciam e ficavam fracamente incandescentes. Quem estava em casa podia dizer quando o filme estava sendo projetado, quando estavam ocorrendo os intervalos ou quando a sessão terminava, tendo como base a variação na intensidade da luz das lâmpadas locais.
A luz só era fornecida à noite das sete às onze horas. Depois da sessão do cinema a luz piscava para indicar que, meia hora mais tarde, a usina seria desligada para Cacequi mergulhar no escuro ou na luz de velas e lampiões.
Termino contando que Cacequi teve outro cinema. Foi “o meu cinema”, o “cinema” que montei quando guri e para o qual me esqueci de dar nome. A curiosidade me deu oportunidade de ver como o projetor era formado e ver que o filme era transparente. Assim, copiando a “tecnologia”, construí meu primeiro projetor em uma caixa de madeira, (usei uma embalagem de chocolate que peguei na loja de meu pai), tendo no interior uma lâmpada de 100 Watts, colocada na frente de um refletor de farol de um Ford modelo A, (que não me lembro como o consegui). Orgulho-me de que, com os meus onze anos nessa época, já entendia de circuitos e nunca levei um choque lidando com corrente elétrica. Na frente da lâmpada, havia uma abertura por onde passava o “filme” vindo de dois rolos o de cima, o filme a passar, o de baixo o rolo já projetado.
Na frente da caixa ou “máquina”, entre ela e o “filme” havia um tubo para  suportar uma lente convergente na posição exata para por a imagem em foco no pano de projeção. Eu usava a lente que sobrava dos óculos da madrinha da minha mãe que eu, quando aprendi a falar, batizei de Maínha, apelido que pegou. Maínha, infelizmente, era cega de um olho como resultado de uma operação de catarata mal sucedida. Ela substituía, nos óculos que usava, a lente do olho cego por uma lente de vidro esmerilhado para esconder o defeito da órbita. A lente que sobrava era a lente da minha “maquina de cinema”.
 Foi quando cheguei ao Curso Científico que a Física me disse que minha “maquina de cinema” era um projetor do tipo classificado como diascópio.
Meus filmes, obviamente, eram sem movimento. Eu mesmo os desenhava ou então os copiava dos meus Gibis em uma longa tira de papel branco com cinco centímetros de largura, cada desenho era feito num quadrado de cinco centímetros de lado. Depois do desenho feito e colorido, eu passava azeite de cozinha na tira de papel para torná-la suficientemente translúcida para a projeção, (mais tarde usei papel encerado para dispensar o azeite).
Eu tinha, num galpão, uma sala só para as minhas “reinações”, como dizia Monteiro Lobato, meu autor favorito quando criança. Montei o meu cinema nessa sala e, toda vez que aprontava um novo filme, meus pais, a Maínha, meus irmãos e irmãs, os empregados da casa e a molecada da vizinhança vinham assistir. Minha “companhia produtora de filmes” se chamava “Fulgur Films” e tinha por emblema, (hoje logotipo), um raio saindo de uma nuvem. Tirei a palavra “fulgur” do latim porque significa “raio” e foi com o “fulgur” e com “raios” que, mais adiante no tempo, construí minha vida profissional. Por tudo isso eu considero o cine Rex como uma das portas de meu acesso ao mundo.


A bilheteria era assim. (Foto de Ani Irion Giacomelli)
Dizem que o último que sai deve apagar a luz. Quero fazer o contrário. Como o derradeiro frequentador ainda vivo, o último a sair da sala mágica do cine Rex, por meio desse depoimento não apago e, ao contrário, desejo manter acesa a luz da história dos primeiros tempos de manifestações culturais de Cacequi.


INDICAÇÕES DA CINTILOGRAFIA ÓSSEA COM 99m Tc MDP




Prof. Dr. João Eduardo Irion
Faculdade de Medicina
Universidade Federal de Santa Maria – RS – BR
Médico Nuclear
Serviço de Medicina Nuclear de Santa Maria
jirion @terra.com.br
joaoeduirion.blogspot.com.br
 (Compiladas pelo autor)

INDICAÇÕES EM ONCOLOGIA


Diagnóstico, avaliação e estadiamento dos tumores ósseos primários.
Diagnóstico diferencial entre tumores benignos e malignos.
Identificação de metástases (estadiamento) de tumores malignos não ósseos.
Identificação de metástases (estadiamento) de tumores ósseos malignos.
Avaliação e acompanhamento da resposta terapêutica (radioterapia, quimioterapia e terapia hormonal) dos tumores ósseos e das metástases de tumores não ósseos.
Avaliação pré-operatória da quimioterapia e radioterapia em tumores ósseos malignos.

INDICAÇÕES EM ORTOPEDIA E TRAUMATOLOGIA


Diagnóstico das lesões traumáticas não identificadas aos raios-X.
Avaliação de pacientes poli-traumatizados.
Determinação da viabilidade do osso.
Determinação da viabilidade dos enxertos ósseos.
Diagnóstico e controle evolutivo das necroses ósseas.
Avaliação da dor produzida por próteses totais.
Diagnóstico das entesopatias.
Diagnóstico das lesões produzidas pelos esportes e por exercícios continuados.
Estadiamento das miosites ossificantes.
Diagnóstico, avaliação da extensão e acompanhamento da recuperação na rabdomiólise.
Avaliação da progressão da maturação e estabilização das miosites ossificantes.
Acompanhamento do tratamento da polimiosite.
Retirada cirúrgica de tumores com gama probe.

INDICAÇÕES EM INFECTOLOGIA


Diagnósticos das infecções ósseas –(osteomielites e discites).
Diagnóstico diferencial entre osteomielite e celulite.

INDICAÇÕES EM REUMATOLOGIA


Diagnostico das doenças articulares e osteoarticulares.
Documento de referência para pacientes com doenças degenerativas do esqueleto.

INDICAÇÕES EM CLÍNICA


.Diagnóstico da dor óssea de etiologia desconhecida;
Diagnóstico da dor óssea com radiografia normal.
Avaliação dos casos de aumento da fosfate alcalina de origem desconhecida.
Identificação das calcificações extra-ósseas.
Diagnóstico diferencial entre as doenças do esqueleto e as doenças das partes moles pelo SPECT.
Diagnóstico das doenças ósseas benignas quando outros métodos foram negativos.
Diagnóstico da dor articular e da claudicação em criança.
Avaliação das doenças metabólicas do esqueleto.
Avaliação das doenças vasculares dos ossos.
Avaliação da repercussão óssea e aticulares da síndrome simpático-reflexa.
Avaliação das complicações osteoarticulares da diabete.

INDICAÇÕES GENÉRICAS


Exame de triagem e de estadiamento.
Localização espacial das lesões ósseas pelo SPECT.
Determinação dos locais de biópsia.ósseas.
Facilidades técnicas e econômicas para avaliação de todo esqueleto.
Determinação da distribuição da doença em pacientes com neoplasia.
Determinação da distribuição da doença em pacientes com artrites.
Controle de evolução do tratamento de doenças óssea com etidronato (EHDP).
Avaliação das lesões musculares causadas por choque elétrico e lesões pelo congelamento.
Diagnóstico da amiloidose.

INDICAÇÕES EM MEDICINA LEGAL


Diagnostico da criança surrada.
Determinação do tempo de fraturas.


INDICAÇÕES EM OTORRINOLARINGOLOGIA

Diagnóstico da otite externa maligna.
Diagnostico das osteomielites secundárias às sinusites.
Avaliação da invasão óssea por carcinomas nasofaringe os.


INDICAÇÕES EM ODONTOLOGIA

Avaliação da atividade na placa de crescimento do colo mandibular na mordida cruzada.
Avaliação da atividade na placa de crescimento do colo mandibular na hiperplasia do côndilo da mandíbula.
Verificação do crescimento facial.
Aplicabilidade de aparelhos ortopédicos
Acompanhamento de osteo-integração de implantes
Diagnóstico de infecções
Verificação da eficácia de tratamentos ortodônticos


OS STYLOIDEUM - RELATO DE UM CASO


 J. E. Irion 

C.R.  Bornemann - C.P. Bornemann

Serviço de Medicina Nuclear de Santa Maria




Fotografia de perfil de do punho e parte da mão, mostrando a bossa do carpo

Radiografia de perfil do carpo, mostrando o osso estilóide acima da epífise do segundometacarpiano




         
            
        Cintilografia das mãos em projeção palmar, mostrando a hipercaptação no osso estilóide.
        Observam-se sinais de osteoartrite de algumas articulações dos dedos.
        interfalangianas. Metacarpofalangianas


DISCUSSÃO

O trabalho apresenta um achado ocasional de artrite do osso estilóide, durante uma cintilografia de rotina de corpo inteiro. O caso é  documentado com cintilografia das mãos em projeção palmar, com radiografias e fotografias da mão e punho. No carpo ocorrem 27 ossos supra-numerários e no tarso 17.
. O osso estilóide (os styloideum), também conhecido como bossa do carpo, (carpo bosu), tem  freqüência de 1 a 3% da população, podendo ser uni ou bilateral

O osso se situa adjacente à cabeça do segundo e do terceiro e, adjacente ao capitado e trapezóide.
 Entre as bossas do carpo, 94% se fundem com o segundo ou terceiro metacarpianos, 4% com o trapezóide ou com o capitato e 2% não se fundem. O osso se orna sintomático quando é sede de osteoartrite, bursite ou gânglio, limitando o movimento do punho. Nessas afecções a hipercaptação no osso pode ser com fundida tcom fratura. O caso apresentado, embora assintomático mostrava nas radiografias e especialmente nas cintilografias sinais inequívocos de osteoartrite




Fotografia do dorso do punho e da mãoNotar a bossa do carpo.











Radiografia em incidência ântero-posteriormostrando
 o osso estilóide sobre as cabeças dos ossos do carpo

BIBLIOGRAFIA

Ell P. J. Gambhir S.S.: Nuclear Medicine in Clinical Diagnosis and Treatment –
 3ª. Edição Churchill Livingtone
Resnick D,: Diagnosis of Bone and I Joint Disorders
4a Edição, W,B, Saunder Company
Keats T. E: An Atlas of Normal Roentgen Variants that May Simulate Disease –
 2a  Edição, Year Book Medical Publisher, Inc.


domingo, 9 de junho de 2013

ARTE, ANJO E ARTISTA

João Eduardo Irion*
Da Academia Santa-Mariense de Letras


Minha mulher e eu choramos quando vimos no Vaticano a escultura da Pietà, tal foi a emoção que a visão daquela peça de arte nos provocou. Foi então que me passaram pela cabeça os pensamentos que se seguem:
Foi com essas palavras que abri uma exposição de minha filha Débora lá na cidade de Gramado no Rio Grande do Sul, Brasil, e surpreendi e emocionei a ela a aos presentes.
Deus, quando fez o mundo, criou a beleza e determinou que ela fosse infinita. É por isso que, em cada dia e em cada lugar, a paisagem muda constantemente. Todo lugar da Terra tem seu encanto; cada dia e cada noite, faça sol ou chuva, haja ou não luar, o encanto natural se renova. Essa é a beleza visível para os mortais. Porém Deus criou também a beleza invisível para aparecer gradualmente e, assim, surpreender e emocionar as sucessivas gerações humanas.
Deus não determinou que a beleza invisível permanecesse eternamente oculta. Ele a fez para ser revelada por alguns seres imortais privilegiados, porque são capazes de senti-la onde ninguém a sente, e cuja missão é, compulsivamente, mostrá-la para a humanidade. É o escultor que olha o bloco de mármore, lá dentro vê a escultura que seu cinzel desvenda e a torna eternamente visível. É o músico que sente no instrumento a melodia que faz audível com seus dedos. É o compositor que no fundo da mente ouve o que ninguém é capaz de ouvir e assim compõe a música. É o ator que a cada peça deixa de existir e se transfigura na personagem. É o escritor ou o poeta, os quais juntam as palavras esparsas que fulguram em sua mente, colocam-nas em sequência e as transformam em poema ou romance. É o...
Esses privilegiados têm, mas não sabem, a Natureza Divina. São Anjos que Deus enviou à Terra para desvendar a cada momento a beleza oculta, encantar os mortais e assim fazer da beleza revelada patrimônio humano perene.
Eles não sabem que são Anjos, não sabem que são seres imortais, não sabem que nasceram com o destino de viver eternamente na memória da humanidade. Como Anjos cumprem a missão celestial de desvendar, a cada dia, o caráter infinito da beleza. Para esse Trabalho Divino de Emocionar, o Mundo deu o nome de Arte.
Só agora, como se a Verdade Eterna fosse revelada, percebo que a palavra Anjo tem um sentido muito maior, e seu sinônimo é a palavra Artista.