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segunda-feira, 21 de outubro de 2013

SINAIS ENCONTRADOS NA CINTILOGRAFIA DO ESQUELETO COM 99m Tc-MDP


Prof. João Eduardo Irion


Contribuição especial publicada no
ALABISMNJOURNAL de 15 de outubro de 2013

Resumo


Este trabalho apresenta vinte e um sinais cintilográficos constantes da literatura e propõe o uso de novos sinais. As imagens obtidas de estudos ósseos com 99mTc-MDP são confrontadas com os objetos de comparação que originam os nomes dos sinais, acompanhado de uma breve explicação do significado clinico.
             Para ver o trabalho click aquí: http://www.alasbimnjournal.net/contenidos/sinais-encontrados-na-cintilografia-do-esqueleto-com-sup-99m-sup-tc-mdp-125?cap

Abstract

This work includes twenty-one scintigraphic signs with constant citation in the literature, and proposes the use of additional signs. Nuclear bone images obtained with 99mTc-MDP are confronted with objects from which they take the name, and a brief explanation of their clinical significance is given.

Introdução

Não se sabe quando a radiologia começou a usar analogias das imagens das lesões identificadas nas radiografias com pessoas, animais, alimentos ou objetos para memorizar o significado e auxiliar na interpretação dos exames. A literatura e o exercício da clínica classificaram como sinais essas analogias, algumas relativamente específicas e outras são patognomônicas. A Medicina Nuclear herdou essa prática. Neste trabalho, o autor reúne vinte e um sinais consagrados na literatura e apresenta a sugestão de treze novos sinais. O trabalho consta das imagens cintilográficas confrontadas com os objetos de comparação, descrevendo-os e especificando os respectivos significados clínicos.


quarta-feira, 9 de outubro de 2013

A HISTÓRIA DAS RADIAÇÕES NO DIAGNÓSTICO MÉDICO - RAIOS X - SEXTA PARTE = A HISTORIA DA TOMOGRAFIA CONVENCIONAL E A HISTORIA DA TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA


HISTÓRIA DA TOMOGRAFIA

Prof. Dr. João Eduardo Irion

No início do século XX, pesquisadores de vários países, mesmo sem se comunicarem, trabalharam com um propósito comum que era encontrar alguma forma de desfazer as superposições das sombras nas radiografias convencionais bidimensionais. A necessidade de uma solução existia porque as radiografias em incidências ortogonais ou a fluoroscopia não eram métodos satisfatórios para determinar a profundidade ou a localização de lesões ou corpos estranhos nos pacientes.

ESTEREOSCOPIA E ESTEREOGRAFIA

As primeiras tentativas de solução do problema fundamentaram-se nos princípios da visão binocular e da estereoscopia formulados por Sir Charles Weaststone em 1840. A aplicação do procedimento em radiologia exigia a tomada de duas radiografias obtidas depois de determinado deslocamento do tubo de raios X e, a seguir, o uso de equipamentos para a visão binocular estereoscópica das duas radiografias.
A primeira referência sobre o uso da estereoscopia na radiologia ocorreu um 11 de março de 1896, quando T. Tompson publicou no “Electric Engineer” o trabalho intitulado “Steroscopic Roentgen Pictures”. No início de 1896, G. Countermulins opacificou vasos em cadáveres para estudar a estereografia com raios X.
Em 1900, E. Henrard, médico do exército belga, formulou os princípios para localizar projéteis em feridos de guerra mediante o uso da estereoscopia com raios X e, com isso, foram criados equipamentos estereoscópicos usados durante a I Guerra Mundial. Entre eles, o mais comum era fabricado pela Weatstone e vendido pela empresa Victor dos Estados Unidos.
Os resultados da estereoscopia nunca foram satisfatórios, e por isso ela foi superada pela tomografia, porém permaneceu em uso até os fins dos anos 20, na radiologia cardiovascular.

PARALAXE

Outra forma de desfazer as superposições de sombras usa os princípios da paralaxe (palavra grega que quer dizer movimento) e que, em radiologia, significa o deslocamento de uma sobra quando o tubo de raios X muda de posição, e o filme e o paciente permanecem imóveis. O primeiro trabalho sobre o tema foi publicado em 1915, por Karol Mayer em Poznam, Alemanha, intitulado “Diferencial Radiologic Diagnosis in Diseases of Herat and Aorta”.
Os procedimentos que usam a paralaxe para desfazer superposição de sombras não se enquadram na definição da tomografia, pois essa se baseia no fato de que do trio tubo-paciente-filme, obrigatoriamente, dois deles se movem durante a tomada das imagens.
A primeira aproximação das pesquisas com a tomografia ocorreu em 1915 quando Carlo Baese, um médico militar de Florença, inventou o aparelho (usado na Primeira Grande Guerra) para localizar corpos estranhos metálicos que chamou de radioesterômetro. Ele consistia em mover o tubo e écran fluoroscópico unidos por um braço fazendo uma espécie de tomografia fluoroscópica.

A TOMOGRAFIA CONVENCIONAL

A tomografia é, na essência, a aplicação mais avançada da paralaxe para registrar, num mesmo filme, a imagem de um corte longitudinal do corpo, desfazendo a superposição de sombras. Na tomografia, a imagem é obtida quando, no momento da exposição, movem-se ao mesmo tempo dois dos componentes da tríade “tubo-paciente-filme”.
O primeiro a entender esse princípio foi André Edmund Marie Bocage, um dermatologista francês. Bocage como médico militar na Primeira Guerra Mundial, localizava projéteis em feridos mediante cálculos trigonométricos realizados em várias imagens obtidas com o deslocamento do tubo e do filme. Ele, em 1917, em plena guerra, concebeu a ideia de obter imagens radiográficas de cortes longitudinais do corpo humano. Mais tarde, em 1920, trabalhando no Hospital Salpètrière em Paris, ele retornou à ideia e então uniu tubo e filme por um braço para que os dois, no momento da exposição, fizessem um deslocamento sincrônico e linear, mas movendo-se em sentido oposto.
Bocage patenteou o método em 1922, t5odavia não teve recursos para fabricar o invento e nem meios para pagar a anuidade da patente, e por isso ela caiu em domínio público. Em 1937, vinte anos depois da concepção do tomógrafo, um aparelho foi comercializado pela fábrica Massiot da França com o nome de Biotome.
Cabe a Bocage o mérito do invento dos cortes tomográficos e a formulação dos princípios da tomografia tais como: a trajetória do deslocamento do tubo e do filme, a relação entre a posição do eixo de rotação do sistema e a profundidade de corte, a importância do uso de grades antidifusoras e a influência do tamanho do foco na qualidade das imagens.
O engenheiro holandês Bernard George Ziedses Des Plantes, que mais tarde se formaria médico para chegar à posição de Professor de Radiologia da Universidade de Amsterdã, começou a se preocupar com a dissociação das sombras nas imagens radiológicas ainda como estudante de medicina. Em 1930, ele criou um aparelho no qual o tubo e o filme descreviam um movimento circular ou um movimento em espiral. O protótipo do aparelho foi concluído em 1931 e recebeu o nome de planígrafo. Em 1936, coube mais uma vez, à companhia Massiot lançar no comércio o primeiro equipamento baseado na tecnologia de Ziedses.
Assim como os demais inventores que ignoravam o trabalho de outros pesquisadores, o holandês de Nijmegen, D.L. Baterlinck construiu um tomógrafo cujas primeiras imagens foram apresentadas em novembro de 1930, em uma reunião de radiologistas em Amsterdã.
Na Itália, a preocupação com a dissociação das sombras por meio de cortes tomográficos coube a Alessandro Vallebona, Diretor do Departamento de Radiologia da Universidade de Gênova. Ele batizou seu método com o nome de estratigrafia, cujas primeiras imagens foram mostradas ao Nono Congresso Italiano de Radiologia em 1930. Vallebona fez com o primeiro aparelho somente tomografias de fantomas, mas em 1932-1933, usou na clínica o segundo equipamento. Vallebona desenvolveu duas técnicas de aquisição das imagens: na primeira, o tubo e o filme faziam um movimento circular em torno do paciente imóvel; na segunda, o paciente girava em torno do eixo de corte enquanto o tubo e filme permaneciam imóveis.
O desenvolvimento europeu da tomografia não era conhecido na América do Norte. Em 1928, nos Estados Unidos, o técnico de radiologia Jean Kieffer foi hospitalizado para tratar tuberculose pulmonar e durante a permanência no hospital, preocupado com sua doença, idealizou um aparelho para fazer cortes tomográficos de seu pulmão, eliminando a superposição de sombras. O protótipo do equipamento foi montado em 1934, no qual o tubo e o filme descreviam um movimento de trajetória circular ou elíptica e recebeu o nome de “Máquina de raios X focados”. Em 1938, a Keleket Company lançou no comércio o equipamento com a tecnologia de Kieffer com o nome de laminógrafo.
Embora se soubesse que os cortes tomográficos de melhor qualidade fossem os obtidos com equipamentos dotados de movimentos complexos (movimento circular, em espiral, hipociclóide, em forma de 8 e outros) da tríade tubo-paciente-filme, até a década de 60, a preferência recaiu sobre o movimento linear porque os aparelhos com movimento complexos eram mais caros e irradiavam mais os pacientes. Além disso, o movimento unidirecional permitiu a comercialização de tomógrafos para mesas radiológicas convencionais ou o uso de adaptadores nos moldes dos criados por W. Twinning em 1936.
Em resumo, nos primórdios da história da tomografia, vários pesquisadores, em pelo menos quatro países, trabalhando de forma independente estruturaram a técnica tomográfica e, como as pesquisas simultâneas ocorreram em locais diferentes, sugiram para ela várias denominações: radiografia seccional, tomografia, (Bocage), estratigrafia, (Vallebona), planigrafia (Ziedes), laminografia (Kieffer). Intraskop (Siemens), Sectógrafo (Medical Supply Association), mas o uso consagrou o termo tomografia para a técnica.

A TOMOGRAFIA MULTIDIRECIONAL

O ápice do uso da tomografia convencional ocorreu com o lançamento do extraordinário equipamento, o tomógrafo multidirecional denominado Polytome. O modelo experimental do Polytome foi criado em 1949 pelos engenheiros Raymond Sans e Jean Porcher no Hospital Salpètière em Paris. O aparelho foi apresentado pela companhia Massiot em julho de 1951, em Bruxelas, na Primeira Convenção dos Radiologistas de Língua Francesa. O Polytome era muitas vezes superior aos tomógrafos convencionais, fazendo cortes com espessura de 1 mm, com alto contraste, grande resolução espacial e precisão de detalhes, permitindo levar a tomografia para zonas mais complexas do corpo como, por exemplo, o osso temporal. Tudo porém foi superado pela tomografia computadorizada.


TOMOGRAFIA NÃO COMPUTADORIZADA DE CORTES TRANSVERSAIS

Antes de ser inventada a tomografia computadorizada existiu a tomografia de cortes transversais ao eixo longitudinal do corpo. O inventor da tomografia transversa não-computadorizada com a mesma orientação do CT de hoje foi o inglês William Watson. Em 1937, ele construiu um aparelho para a tomografia transversa que foi patenteado nos Estados Unidos em 1936 e na Inglaterra em 1939.
Ele explicou os princípios desse tipo de tomografia numa conferência na Royal Society of Health em 1939.
Vallebona também trabalhou na busca da tomografia transversa e fez as primeiras imagens em 1947. No Japão, a tomografia de cortes transversais foi estudada por Shinji Takahashi que iniciou os trabalhos nesse sentido em 1949, mas suas pesquisas somente se tornaram conhecidas em 1957, depois que foram publicadas em inglês.

A HISTORIA DA TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA

Em 1955, Allan McLeod Cormack trabalhou como físico no Departamento de Radioterapia do hospital Cidade do Cabo, onde se preocupou em achar um meio de calcular com precisão a intensidade da energia do feixe de raios X usado em radioterapia e que chega a um ponto determinado do corpo.
Cormack procurou fazer um mapa da distribuição da absorção dos raios X aplicados no corpo em diferentes ângulos para, desse modo, obter uma imagem de um corte com alta definição por meio de cálculos de triangulação. Pensando que esse método já estivesse em uso, ele fez uma extensa pesquisa na literatura sobre o tema e ficou surpreso porque ninguém tentara estudar o assunto. Mais tarde, ele encontrou um longo trabalho de autoria do matemático Johan Randon que fora escrito no inÍcio do século sobre o mesmo problema.
Em 1956, Cormack foi para a Universidade de Harvard e, no ano seguinte, concluiu o desenvolvimento de uma fórmula matemática para compilar e gerar com precisão uma imagem por meio dos dados obtidos com a passagem de raios X pelo corpo com incidência em diferentes ângulos. Resolvido o problema teórico, ele passou à pesquisa experimental. Ele mesmo construiu um aparelho e com esse equipamento ele mediu, com sucesso, a absorção dos raios X em cortes de carne de cavalo e de porcos, processando os resultados com uma simples calculadora manual. Cormack publicou os resultados de sua pesquisa no artigo intitulado "Representation of Function by its Line Integrals,” no The Journal of Applied Physics e, mais tarde, no Physics of Medical Biology. Como físico teórico, Cormack não se preocupou com o uso prático de duas pesquisas.

GODFREY NEWBOLD HOUNSFIELD

Em meados da década de sessenta, o engenheiro Godfrey Newbold Hounsfield (mais tarde foi agraciado com o título de Sir) trabalhava no THORN EMI (Central Research Laboratories da Electric and Musical Industries Ltd. - EMI) e começou, independentemente de Cormack, a pesquisar sobre tomografia e reconstrução de imagens. Para isso, ele usou uma técnica e um equipamento diferente, utilizando a capacidade dos computadores existentes na época na reconstituição de imagens.
As pesquisas iniciais foram realizadas com um equipamento simples, composto de somente um detector (válvula fotomultiplicadora) e uma pastilha de amerício 95 como fonte de raios gama. Nesse equipamento, a fonte e o detector moviam-se em torno do objeto, usando o princípio de rotação-translação de grau em grau num total de180˚. A coleta de dados durava 9 dias devido à baixa intensidade da fonte de radiação. A seguir, as imagens eram reconstruídas num computador mainframe ICL 1905 que levava duas horas e meia para completar o processamento. Mais tarde. a fonte de radiação foi substituída por um tubo de raios X e o tempo de escaneamento ficou reduzido para nove horas.
As primeiras imagens foram obtidas de um cérebro de boi e o corpo de um porco obtidos num açougue.
Em 1971, Hounsfield mostrou as imagens ao neuroradiologista Dr. James Abraham Edward Ambrose e esse conseguiu, emprestado de um museu, um cérebro humano conservado em formol para ser tomografado. Ambrose ficou admirado com as imagens digitalizadas que Hounsfield lhe mostrou cinco semanas depois.
Uma vez que ficou provada a utilidade da tomografia computadorizada o passo seguinte foi a construção de um protótipo para uso clínico. O aparelho então construído recebeu o nome de EMI MARK I e seu detector era uma válvula fotomultiplicadora com iodeto de sódio. O tomógrafo foi instalado em setembro de 1971, no Atkinson Morley´s Hospital do sul de Londres com o apoio dos neuroradiologistas James Ambrose e Louis Kreel. A primeira tomografia clínica foi feita em 1˚ de outubro de 1971 de uma paciente com tumor cerebral. O cirurgião que retirou o tumor disse que a massa tinha exatamente a mesma aparência da imagem tomográfica.
A abertura do aparelho era pequena e só permitia escanear a cabeça do paciente e, além disso, era necessário envolver o crânio com uma touca de borracha cheia de água (mais tarde substituída por lâminas de carbono) para atenuar a radiação. O tempo de aquisição da tomografia era de 4minutos e meio.
Em 20 de abril de 1972, no 32˚ British Institute of Radiology, Haunsfield apresentou os resultados do aparelho da EMI numa palestra com o título "Tomografia Computadorizada (uma nova forma de demonstrar alguns tecidos moles do cérebro sem uso de meios de contraste)". Antes disso, Hounsfield apresentara no 2˚ Congresso de Radiologia de Amsterdã algumas imagens experimentais sem despertar interesse e o mesmo aconteceu no Curso de Pós-graduação em Neurologia no Albert Einstein College of Medicine em Nova Iorque, em 15 de maio de 1972, onde foram mostradas as primeiras imagens de uso na clínica.
A primeira tomografia computadorizada de corpo inteiro foi a do engenheiro Tony Willians, da equipe da EMI, porque ele era suficientemente magro para caber na abertura do aparelho.
Hounsfiedl e seu grupo continuaram as pesquisas no Atkinson Morley´s Hospital e no National Hospital of Neurology and Neurosurgery de Londres.
A primeira descrição da técnica da Tomografia Axial Transversa foi publicada no British Journal of Radiology, em 1973. Nesse mesmo ano, o primeiro aparelho foi lançado no comércio com a sigla EMI CT 1000 que era um aperfeiçoamento do Mark I. Esse novo aparelho já estava equipado com 30 detectores, reduzindo o tempo de aquisição das imagens para 20 segundos.
Em 1974, o Dr. Robert Ledley Professor de Radiologia, Biofísica e Fisiologia da Georgetown University desenvolveu o primeiro aparelho para tomografia computadorizada de corpo inteiro que tinha a sigla ACTA (Automatic Computed Transverse Axial) equipado com 30 válvulas fotomultiplicadoras e que já dispensava o uso da touca de borracha.

EVOLUÇÃO DOS EQUIPAMENTOS

Os equipamentos evoluíram na seguinte sequência:
Primeira geração - um detector móvel;
Segunda geração - de 8 a 30 detectores móveis;
Terceira geração - de 500 a 700 detectores móveis;
Quarta geração - 2.400 detectores fixos.

O PRÊMIO NOBEL DE MEDICINA E FISIOLOGIA

Em 1979, Hounfield e Cormark receberam o Prêmio Nobel de Medicina e Fisiologia por seus trabalhos na invenção e no desenvolvimento da tomografia computadoriza. Eles foram os primeiros não médicos a receber a distinção . Os dois se encontraram pela primeira vez no dia da entrega do Prêmio.

BIBLIOGRAFIA

Allan Cormack, 74, Nobelist Who Helped Invent CAT Scan - New ...www.nytimes.com › ...http://www.nytimes.com/1998/05/09/us/allan-cormack-74-nobelist-who-helped-invent-cat-scan.html
Conventional tomography J.T.Littlelton M.D. and M.I. Durizch Littleton , R. T. M. B. A -  http://www.arrs.org/publications/HRS/diagnosis/RCI_D_c15.pdf
In search for the third dimension: from radioestereoscopy to Treee-dimensional imaging - http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/12463506
A história da tomografia computadorizada – Antgonio Carlos Pires /carvalho – Rev. Imagem 2007,29(2)61-66

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HISTÓRIA DAS RADIAÇÕES NO DIAGNÓSTICO MÉDICO – ONDAS DE CHOQUE - RUÍDO E SOM - PERCUSSÃO E AUSCULTA.
HISTÓRIA DAS RADIAÇÕES NO DIAGNOSTICO MÉDICO = ONDAS DE CHOQUE - PULSO E PRESSÃO ARTERIAL.
HISTÓRIA DAS RADIAÇÕES NO DIAGNÓSTICO MÉDICO – ESPECTRO ELETROMAGNÉTICO = RAIOS X
HISTÓRIA DAS RADIAÇÕES NO DIAGNÓSTICO MÉDICO – ESPECTRO ELETROMAGNÉTICO

A HISTÓRIA DAS RADIAÇÕES NO DIAGNÓSTICO MÉDICO - AS PRIMEIRAS RADIOGRAFIAS, A CHEGADA DOS RAIOS X NO BRASIL - OS RAIOS X NAS GUERRAS - A HISTÓRIA DA EVOLUÇÃO DOS TUBOS DE RAIOS X - A HISTÓRIA DA FLUOROSCOPIA - A HISTÓRIA DA ABREUGRAFIA

A HISTÓRIA DOS FILMES RADIOGRÁFICOS

A HISTÓRIA DOS ÉCRANS REFORÇADORES

A HISTÓRIA DO DIAFRAGMA POTTER-BUCKY

A HISTÓRIA DOS MEIOS DE CONTRASTE EM RADIOLOGIA

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            A HISTÓRIA DA MEDICINA NUCLEAR



sábado, 5 de outubro de 2013

A HISTÓRIA DAS RADIAÇÕES NO DIAGNÓSTICO MÉDICO - RAIOS X - QUINTA PARTE = HISTÓRIA DOS MEIOS DE CONTRASTES NA RADIOLOGIA

OS MEIOS DE CONTRASTE  NA RADIOLOGIA


Prof. DR. João Eduardo Irion
A PRIMEIRA ANGIOGRAFIA

A radiografia da mão da Sra. Anna Bertha mostrou a diferença de absorção dos raios X entre os ossos e tecidos moles e não se sabe quem cunhou o termo “contraste” para expressar o fato. Logo após as primeiras radiografias do esqueleto, os pesquisadores procuraram alargar o campo de ação da nova radiação em medicina com a criação de contrastes artificiais para estudar os órgãos e os tecidos moles. A primeira tentativa nesse sentido ocorreu em Viena em janeiro de 1896, onde Eduard Haschek e Otto Lindenthal realizaram a primeira angiografia, injetando na mão de um cadáver, uma mistura de cal, mercúrio e petróleo.

O CONTRASTE NO TUBO DIGESTIVO

A seguir começaram as tentativas de opacificar, por meio de injeção de substâncias contrastadas, as cavidades do tubo digestivo e também da bexiga. Já em 1896, Walter Cannnon na Harvard Medical School, usou cápsulas de bismuto para estudar a fisiologia da deglutição em gansos por meio de radiografias.
Em 1904, Reider em Viena usou uma mistura radiopaca para exame do estômago e duodeno. Inicialmente foi empregado bismuto que, a partir de 1910, foi sucedido pelo sulfato de bário, cuja tendência para a precipitação foi resolvida pela indústria farmacêutica em 1920, com a suspensão coloidal estável desse sal.
A primeira tentativa de examinar o intestino grosso ocorreu por meio de um enema aplicado com uma mistura de óleo e bismuto. Depois veio o enema com bário. O enema baritado com duplo contraste foi criado por Laurel em Uppsala, na Suécia, em 1921.
Entre as décadas de 30 e 60, um outro tipo de contraste foi utilizado: o dióxido de tório coloidal, o qual produzia imagens nítidas e consistentes e reduzia a chance de consti­pação intestinal. Esse produto também foi empregado como contraste vascular, mas seu uso foi suspenso porque o tório é um elemento radioativo emissor de radiação α e seu acúmulo no fígado e na medula óssea causou cânceres em pessoas entre 20 e 30 anos depois que realizaram o exame radiológico..

A PNEUMOVENTRICULOGRAFIA

Em novembro de 1912, Lachett Estenvard descobriu ar nos ventrículos em um paciente com fratura de crânio.
Cabe a Valter Dandy, cirurgião de Baltimore, a realização da primeira pneumoventriculografia. Ele começou suas pesquisas fazendo experiências em cães injetando-lhes substâncias radiopacas nos ventrículos (tório, potássio, sais de bismuto), mas os animais morriam. Decidiu então usar gás e depois de novas experiências bem sucedidas em animais, Dandy realizou a primeira pneumoventriculografia numa criança hidrocefálica em 1918. Em 1920 Dandy publicou o trabalho "Localization or elimination of cerebral tumor by ventrieulography".

A PRIMEIRA RADIOGRAFIA CONTRASTADA DO SISTEMA CIRCULATÓRIO “IN VIVO”

A primeira radiografia feita com o uso de contraste, administrado por via vascular “in vivo” foi realizada, em 1919, pelo Dr. Carlos Heuser, radiologista argentino. Ele fez com sucesso uma flebografia, injetando na mão de um paciente uma solução de iodeto de potássio. O “mundo científico da época” não tomou conhecimento dessa experiência porque ela foi escrita em espanhol e publicada numa revista que circulou somente na Argentina. [1]

A ANGIOGRAFIA CEREBRAL

A angiografia cerebral foi criada pelo médico português Egaz Moniz que por seu trabalho recebeu o Prêmio Nobel de Medicina e Fisiologia em 1949. A primeira angiografia cerebral foi feita por Muniz em um paciente, com injeção de iodeto de sódio na carótida.

A MIELOGRAFIA

Em 1921, o Dr. J. Forestier e o Dr. J Sicard criaram o Lipiodol um óleo iodado que permitiu a opacificação do espaço epidural e a realização da mielografia. Aprimeira mielografia foi realizada por J. Licord em m1931, injetando contraste no espaço subaracnoideo.

O CATETERISMO CARDÍACO

O pioneiro do cateterismo cardíaco foi o alemão Werner Frosmann, Prêmio Nobel de Medicina e Fisiologia em 1929, ano em que introduziu um cateter na própria veia, levando-o até a aurícula direita e confirmou sua posição por meio de radiografias.

A UROGRAFIA EXCRETORA

O exame contrastado do sistema urinário passou por duas fases: na primeira fase, houve o uso de contrastes iodados inorgânicos para a realização de cistografia retrograda; na segunda fase, passou-se a usar contrastes iodados orgânicos para realização da urografia excretora.
A urografia excretora foi desenvolvida pelo Dr. Moses Swick, urologista do Mount Sinai Hospital, depois de tentativas sem sucesso de outros pesquisadores. Em 1929, o Dr. Moses apresentou seu trabalho sobre o uso do Uroselectan (ou Iopax) na realização da urografia excretora.

A COLECISTOGRAFIA

A colecistografia (depois chamada de colecistograma) foi desenvolvida a partir das pesquisas em coelhos e cães que Warren Henri Cole, então estudante de medicina, realizou usando compostos iodados opacos aos raios X que eram eliminados pela bile. Em 1923, ele obteve a primeira imagem da vesícula de um cão depois da aplicação endovenosa de tetrabromofenolftaleína.
Em 1924, o método foi empregado pela primeira vez no ser humano. Inicialmente, as colecistografias eram feitas depois da injeção intravenosa de tetrabromofenolftaleína de cálcio, e depois com a administração intravenosa de tetraiodofenolftaleína de sódio que produzia menos efeitos colaterais.
Quando Cole verificou que o contraste eliminado na bile era reabsorvido no intestino e reexcretado, mantendo a opacidade da vesícula por mais de um dia, mudou a via de administração de venosa pela via oral.
O colecistograma passou a ser o exame rotineiro de vesícula a partir de 1925, e, como tal, se manteve até o advento do uso do ultrassom no diagnóstico médico. A partir década de 70, a colecistografia foi gradativamente substituída pela ultrassonografia.

BIBLIOGRAFIA

Taming the Rays: A hisitory of radiation and protection – Editora www.lulu. Com 2008.
COLE, W.H. - Historical features of cholecystography. Radiology 76: 354-375, 1961.
GOODMAN, P.C. - Historia. In MAARGULIS, A.R., BURHENNE, H.J.(org.) - Radiologia del aparato digestivo (trad.), 4.. ed., Buenos Aires, Ed. Medica Panamericana, 1991.
http://en.wikipedia.org/wiki/Werner_Forssmann


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HISTÓRIA DAS RADIAÇÕES NO DIAGNOSTICO MÉDICO = ONDAS DE CHOQUE - PULSO E PRESSÃO ARTERIAL.
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A HISTÓRIA DOS FILMES RADIOGRÁFICOS

A HISTÓRIA DOS ÉCRANS REFORÇADORES

A HISTÓRIA DO DIAFRAGMA POTTER-BUCKY


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[1] Segundo Geoff Meggitt no livro “Taming the Rays”.

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

A HISTÓRIA DAS RADIAÇÕES NO DIAGNOSTICO MÉDICO - RAIOS X - QUARTA PARTE = HISTÓRIA DOS ÉCANS REFORÇADORES = HISTÓRIA DO DIAFRAGMA POTTER-BUCKY

O USO DOS ÉCRANS REFORÇADORES NAS RADIOGRAFIAS

Prof. Dr. João Eduardo Irion

Em janeiro de 1896, Campbell Swinton sugeriu a tomada de radiografias com o uso de écrans reforçadores. Em abril, experimentalmente, ele constatou a possibilidade de se fazer uma radiografia em alguns segundos, no lugar de minutos, com o uso de um écran fluorescente em contacto com uma chapa fotográfica, mas verificou a perda de qualidade da radiografia. Ele constatou que a menor granulação do écran melhora a resolução, mas aumenta o tempo de exposição necessário para a obtenção da imagem.
A prioridade do uso de écrans reforçadores na prática médica é atribuída a Michael Pupin de Chicago. Em fevereiro de 1896, ele precisou radiografar a mão de um caçador ferido com grãos de chumbo. Como o paciente não podia suportar o longo tempo de imobilização necessário para obter a radiografia, Pupin colocou um écran sobre a chapa fotográfica e conseguiu, em alguns segundos, obter uma imagem aceitável.
No ano seguinte, o Dr. Max Levy propôs o uso de dois écrans em filmes com dupla camada sensível. Apesar da evidente redução no tempo de exposição, muito tempo decorreu até que os écrans reforçadores fossem usados rotineiramente. Atribui-se que a resistência ao uso deve-se à qualidade dos primeiros écrans reforçadores, nos quais eram usados sais naturais, cuja granulação não era uniforme e as impurezas de outros materiais que continham, degradavam as imagens. Outro defeito dos primeiros écrans que foram usados era a o fato de que o brilho nos sais persistia após cessar a exposição aos raios e degradava a qualidade das radiografias.
O aperfeiçoamento dos écrans reforçadores se deve a Carl V. S. Patterson e sua empresa Patterson Screen Co. Em 1910, a empresa começou a fabricar écrans com sais naturais de tungstato de cálcio, mas, em 1916, Patterson lançou os écrans com tungstato de cálcio sintético, eliminando os inconvenientes das impurezas e da granulação grosseira.
Em 1918, as radiografias já eram feitas com filmes entre um par de écrans: o écran anterior (voltado para o tubo de raios X) tinha cristais de granulação fina e o posterior com cristais de granulação mais grossa, para compensar a atenuação dos raios X ao atravessar o filme, fazendo com que o brilho dos dois écrans fosse idêntico em cada lado da película.
Em 1921, Patterson lançou o écran lavável, protegendo a camada de cristais com uma tela transparente, evitando o custo da substituição dos écrans sujos ou contaminados. Em 1924, a Patterson Screen Company lançou o écran com a marca “Par-Speed” que por décadas foi usada pelo mundo como equipamento padrão. Finalmente, a qualidade dos écrans venceu a resistência e seu uso tornou-se universal entre a década de 1930 e de 1940.
O aperfeiçoamento dos écrans não cessou e foi mantida a pesquisa de cristais com melhor fluorescência e, com isso, o tungstato de cálcio foi substituído pelo sulfato de bário e chumbo.
Em 1971, a Kodak lançou um écran emissor de radiação ultravioleta. O avanço final na qualidade dos écrans aconteceu quando eles passaram a ser fabricados com sais de terras raras, como resultado das pesquisas realizadas por Buchanan, Finkelstein e Wichersheim, no início dos anos 70, para encontrar materiais para as telas de televisão colorida. A partir de 1972 a 3 M lançou no comércio écrans com base nesses materiais, tais como, o oxissulfito de gadolínio, o oxibrometo de lantânio, o oxissulfito de ítrio e o fluoreto de bário.

O DIAFRAGMA POTTER BUCKY

O uso rotineiro do diafragma Potter-Bucky só foi possível depois que passaram a ser usados os filmes com dupla e écrans reforçadores duplos que permitiam a redução do tempo de exposição das radiografias.
Em 1913, o alemão Holllis Elmer Potter inventou a grade antidifusora composta de delgadas lâminas de chumbo com pequeno espaço entre elas e orientadas, segundo o ângulo de divergência dos raios principais, para permitir-lhes a passagem e deter a radiação secundária dispersa que se forma nos tecidos radiografados. Potter usou duas grades estacionárias, uma entre o tubo e o paciente e outra entre o paciente e a chapa fotográfica. O processo melhorou a qualidade da imagem com a desvantagem de ficar registrada a imagem da grade sobre a imagem radiográfica. Esse inconveniente foi corrigido em 1917 pelo Dr. Peter Gustav Bucky que usou só a grade colocada entre o paciente e a chapa fotográfica. Buchy usou um motor para mover a grade durante o tempo de exposição para que o movimento eliminasse a sobra nas radiografias.
A combinação da grade com o motor constitui o dispositivo hoje em uso universal nos equipamentos médicos de raios X que é conhecido como “Diafragma Potter-Bucky” em homenagem aos dois inventores.

BIBLIOIGRAFIA
Screen Film Processing System for Medical Radiography: A Historical Review
Arthur G. Haus and John E. Cullinan
Health Sciences Division, Eastman Kodak Company, Rochester, New York
Volume 9, Number 6, Monograph #149 November, 1989 RadioGraphics I pg 203
Timeline for film history em acesso em 02/10/13 http://www.brightlineinteractive.com/_projects/NPS-CS/flash/pdf/2.3.1a.pdf

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HISTÓRIA DAS RADIAÇÕES NO DIAGNÓSTICO MÉDICO – ONDAS DE CHOQUE - RUÍDO E SOM - PERCUSSÃO E AUSCULTA.
HISTÓRIA DAS RADIAÇÕES NO DIAGNOSTICO MÉDICO = ONDAS DE CHOQUE - PULSO E PRESSÃO ARTERIAL.
HISTÓRIA DAS RADIAÇÕES NO DIAGNÓSTICO MÉDICO – ESPECTRO ELETROMAGNÉTICO = RAIOS X
HISTÓRIA DAS RADIAÇÕES NO DIAGNÓSTICO MÉDICO – ESPECTRO ELETROMAGNÉTICO

A HISTÓRIA DAS RADIAÇÕES NO DIAGNÓSTICO MÉDICO - AS PRIMEIRAS RADIOGRAFIAS, A CHEGADA DOS RAIOS X NO BRASIL - OS RAIOS X NAS GUERRAS - A HISTÓRIA DA EVOLUÇÃO DOS TUBOS DE RAIOS X - A HISTÓRIA DA FLUOROSCOPIA - A HISTÓRIA DA ABREUGRAFIA

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quarta-feira, 2 de outubro de 2013

A HISTÓRIA DAS RADIAÇÕES NO DIAGNOSTICO MÉDICO - RAIOS X - TERCEIRA PARTE = HISTÓRIA DO FILME RADIOGRÁFICO

A FOTOGRAFIA E A RADIOLOGIA

Professor Dr. João Eduardo Irion

Na época da descoberta dos raios X, a fotografia era uma técnica em desenvolvimento e praticada quase como um hobby. O resumo da história da criação e da evolução da técnica fotográfica faz parte desta exposição porque a fotografia integra a história da radiologia (e também dos demais procedimentos de diagnóstico por imagens). Para a radiografia se impor como método de exame foi preciso vencer a tendência inicial de se usar a fluoroscopia como procedimento principal porque essa última técnica não exigia conhecimentos especializados e era fácil de executar, enquanto, para a radiografia, o longo tempo de exposição, a baixa sensibilidade das chapas fotográficas pelos raios X e a revelação das imagens eram difíceis. Tudo isso exigia conhecimentos especializados que levavam a resultados insatisfatórios e a qualidade das imagens, na época, era prejudicada pela baixa densidade, pelo contraste deficiente e pela baixa sensibilidade.
A história da fotografia começou em 1826, quando o francês Joseph Nicephore Niepce fez a primeira fotografia com uma câmara estenopeica. Nove anos depois, em 1835, outro francês de nome Louis J.M. Daguerre criou a revelação química e reduziu o tempo de exposição das fotografias.
Em 1839, na Inglaterra, Williiam F. Talbot concebeu o sistema fotográfico positivo/negativo. Ele descobriu que podia revelar uma imagem negativa latente formada  em uma camada de sais de prata e que, depois de colocada sobre um papel sensível e exposta à luz para ser copiada, transformava-se numa imagem positiva. No mesmo ano, avaliando o trabalho de Talbot, Sir John Herschel criou o termo “fotografia” e as palavras  “positivo”  e “negativo” para designar as fases do processo fotográfico.
Em 1851, Frederic Scott Archer, na Inglaterra, concebeu o sitema de colódio que é uma fina camada de substância seca que ele usou para ligar os sais de prata ao vidro das chapas.
Em 1871, Richard L. Maddox, também na Inglaterra, substituiu o colódio por gelatina, usando chapas de vidros revestidas com uma camada de gelatina seca na qual havia uma suspensão de brometo de prata.
No ano de 1879, as chapas fotográficas de vidro eram fabricadas manualmente em muitos países. Nesse ano, George Eastman, nos Estados Unidos, inventou uma máquina para revestir automaticamente as placas com o material sensível.

AS CHAPAS E OS FILMES RADIOGRÁFICOS

Quando Roentgen descobriu os raios X em 1895, ele podia usar, em suas experiências, papéis e chapas fotográficas de vidro, mas decidiu usar apenas as chapas de vidro.
Só depois, no ano de 1889, Eastman criou o filme para fotografias, tendo como suporte o nitrato de celulose.
As chapas de vidro eram de conservação difícil porque a gelatina tendia a se soltar do vidro, eram frágeis, quebravam facilmente e seu transporte era difícil porque pesavam muito: uma chapa de 25cm x43cm pesava cerca de 900 gramas enquanto um filme do mesmo tamanho tinha peso de 28 gramas (fator de 20:1). As chapas eram caras: uma chapa de 35x43 cm custava, em 1906, 1 dólar (valor que hoje equivaleria a 100 dólares). Para se ter ideia de custo, na época um terno valia 7 dólares, um par de sapatos, 3 dólares e o preço da carne era de 40 centavos de dólar por quilo. As chapas fotográficas tinham outros defeitos menos óbvios: um deles, era a paralaxe que impedia a cobertura dos dois lados do vidro com material sensível.
Apesar dos inconvenientes, as chapas de vidro tinham uso preferencial porque seu manuseio era mais conhecido do que a manipulação dos filmes e dos papéis fotográficos. A cobertura com gelatina somente em um dos lados do vidro permitia que fossem usadas bandejas para a revelação, enquanto os filmes, com emulsão nos dois lados, tendiam a se enrolar e não eram revelados satisfatoriamente por esse processo e, como pior defeito, eram menos sensíveis.
A partir da descoberta dos raios X, começaram as tentativas de corrigir os defeitos inerentes às chapas fotográficas. Em dezembro de 1896, apareceu o papel fotográfico específico para os raios X, mas a iniciativa fracassou porque eles exigiam tempo de exposição mais longo que o usado com chapas de vidro e lhes faltava densidade.
Nessa época entraram no mercado novos fabricantes de chapas radiográficas. O primeiro entre eles foi o alemão Dr. Carl Scheussner que, a pedido de Roentgen, fabricou chapas de vidro com emulsão mais espessas e mais sensíveis aos raios X. A primeira placa feita na América, para uso radiográfico, foi fabricada em fevereiro de 1896, pela cooperação de dois pesquisadores: John Carbutt e Arthur Goodspeed. Entre 1902 e 1912, a MA Seed Dry Plate Co. de St. Louis, Missouri e a Watten Dan Wainwnight Ltd. De Croyden , na Inglaterra, fabricaram chapas para uso radiológico.
Em 1913, Eastman lançou o primeiro filme específico para uso em radiologia, com material sensível numa só face. Somente no ano de 1914 ocorreu a virada para o uso de filmes porque faltou o vidro. Nessa época, o vidro era fabricado na Bélgica e a Primeira Guerra Mundial interrompeu o fornecimento desse material, devido ao ataque da marinha de guerra alemã à marinha mercante aliada. A situação piorou depois da invasão da Bélgica pelas tropas alemãs, exatamente quando aumentou a demanda por radiografias para tratar os feridos de guerra. A necessidade de placas radiográficas tornou-se tão grande que obrigou a criação de uma solução imediata, no caso, o filme radiológico.
Apesar de tudo e por incrível que pareça, cessada a guerra, foi difícil convencer os radiologistas a abandonar as chapas de vidro em favor dos filmes. Esses só foram universalmente usados a partir da década de 20. O longo uso das chapas de vidro criou a herança atávica do uso, ainda hoje comum, da expressão “chapa radiográfica” como sinônimo de exame radiológico.
O uso dos filmes avançou depois que, na década de 20, foi criada a colgadura uma espécie de bastidor de metal para conter os filmes na posição vertical no processo de revelação, fixação e lavagem das películas em tanques verticais. Contribuiu para o uso universal dos filmes o aumento de sua sensibilidade e a redução de tempo de exposição. Essa redução do tempo de exposição ocorreu com o uso de chassis munidos de dois écrans reforçadores. Graças a esses avanços, tornou-se possível o uso do diafragma antidifusor Potter-Bucky cuja história será descrita mais adiante.
Os primeiros filmes tinham o inconveniente de usar a base de nitrato de celulose que os tornava facilmente inflamáveis. Em 1924, a Kodak lançou o filme não inflamável cuja base era acetado de celuloide. Apesar da novidade, o uso de filme inflamável com base de nitrato de celuloide somente cessou em 1933, depois que aconteceu o maior desastre provocado por filmes com base de nitrato de celulose. Isso ocorreu no incêndio do Hospital de Cleveland, em 1929. Atribui-se, como causa do incêndio, a explosão de uma lâmpada no subsolo do hospital onde estavam o departamento de raios X e o arquivo dos filmes. O fogo e os gases de duas explosões sucessivas mataram 126 pessoas entre pacientes, médicos, enfermeiros, incluindo, entre eles, o Dr. Philips, fundador do hospital.
No ano de 1918, a Kodak lançou o filme “Dupli-Tized(dupla emulsão) com camadas sensiveis em cada face, aumentando a sensibilidade e permitindo o uso de écrans reforçadores duplos.
Em 1933, a Du Pont lançou o filme com base azul para melhorar a inspeção das radiografias pelos radiologistas e, no ano seguinte, todos os fabricantes utilizaram o mesmo processo.
Em 1934, a ANSCO começou fabricar o filme “no-screen” com sensibilidade suficiente para a realização de radiografias sem o uso de écrans, mas com tempo de exposição curto, dedicados especialmente para o exame radiológicos das extremidades.
Entre 1939 e 1944, durante a Segunda Guerra Mundial, a escassez dos filmes de acetato de celulose obrigou o uso temporário de papel radiográfico.
Em 1960, a Du Pont substituiu a base de acetato de celulose por poliéster e já em 1964, todos os filmes do mercado usavam o mesmo material.
Em 1964, apareceu o filme para mamografia com camada ultrassensível em uma só face e para uso sem écran.
Em 1977, a Kodak lançou um filme com material sensível à luz, colocado entre o suporte de poliéster e a camada de gelatina material que aumentou a sensibilidade da película. Um novo avanço ocorreu em 1983, quando a Kodak lançou o filme de alta sensibilidade e alta resolução, cujo material sensível era formado de cristais laminados com superfícies paralelas aos écrans reforçadores.

A REVELAÇÃO DOS FILMES

Além das qualidades inerentes às chapas de vidro ou aos filmes usados na radiologia, na época do descobrimento dos raios X as radiografias dependiam do processo de revelação que estava sujeito à variação de muitos fatores. Entre os fatores que influenciavam na revelação estavam a qualidade e o tempo de uso dos reagentes químicos e a temperatura de revelação. Nessa época, usava-se o processo manual de revelação, que era realizado em câmaras escuras, iluminadas com tênue luz vermelha. A revelação era um trabalho dito operador-dependente, isto é, quem trabalhava na revelação decidia, na penumbra da luz vermelha, o momento de dar por encerrado o processo químico de revelação.
Na revelação manual, portanto, não havia uniformidade na qualidade das radiografias e, quando a chapa saía com má qualidade, o exame precisava ser repetido. A repetição dos exames aumentava custos, submetiam o paciente e os técnicos à maior exposição aos raios, aumentava o tempo de entrega das radiografias aos médicos e pacientes.
Esse conjunto de variáveis, que era de difícil controle, tornou a revelação automática uma necessidade, especialmente para os serviços de grande demanda, os quais necessitavam racionalizar a aquisição dos exames.
O primeiro protótipo de máquina processadora automática foi criado em 1928, pela firma Pako Corporation com o nome de “Filmemachine”, produzido inicialmente para as forças armadas americanas durante a Segunda Guerra Mundial. A máquina só foi lançada no mercado em 1945. Era uma máquina em que os filmes eram colocados em colgaduras e tinha um ciclo de revelação do filme (de seco para seco) de 40 minutos.
As primeiras processadoras automáticas eram máquinas com três metros de comprimento, pesavam setecentos e cinquenta quilos e que custava US 33.000,00 (equivalente hoje a US 150.000,00).
Em 1956, a Kodak lançou no mercado a máquina “Kodak-X-Omat” que já era uma processadora de rolos, mais leve e de menor custo e logo foi seguida por outros fabricantes.
Na medida em que melhorou a qualidade das emulsões dos filmes e o processo de secagem rápida, já, em 1956, o ciclo seco-seco da revelação passou para pouco mais de um minuto podendo atender os serviços de radiologia com grande demanda.

BIBLIOGRAFIA

Screen Film Processing System for Medical Radiography: A Historical Review Arthur G. Haus and John E. Cullinan Health Sciences Division, Eastman Kodak Company, Rochester, New York  Volume 9, Number 6, Monograph #149 November, 1989 RadioGraphics I pg 203
 Timeline for film history- em  http://www.brightlineinteractive.com/_projects/NPSCS/flash/pdf/2.3.1a.pdf
Acesso em 02/10/2013

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