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terça-feira, 25 de março de 2014

HISTÓRIA DAS RADIAÇÕES = RAIOS -T

OS RAIOS T
Prof. Dr. João Eduardo Irion
Faculdade de Medicina
Universidade Federal de Santa Maria – RS – BR
Médico Nuclear
Serviço de Medicina Nuclear de Santa Maria
jirion @terra.com.br
joaoeduirion.blogspot.com.br

NATUREZA DOS RAIOS-T

Para se entender o significado do termo “Raios-T” é preciso conhecer os prefixos relacionados aos múltiplos decimais. “Terá” é o prefixo para designar uma grandeza expressa por doze zeros ou 1012 ou 1.000.000.000.000, ou seja, um trilhão. Os raios T são radiações eletromagnéticas de frequência de trilhões de ciclos (equivalentes a 1012 Hz), daí a origem do nome.
As ondas eletromagnéticas nas frequências do terahertz são conhecidas por várias denominações tais como radiação Terahertz, ondas Terahertz , luz Terahertz , raios-T, luz-T , Lux-T e THz, radiação submilimétrica. Os raios T estão na região do espectro eletromagnético entre os 300 gigahertz (3x1011 Hz) e os 3 terahertz (3x1012 Hz). Elas correspondem a comprimento de onda inferiores a 1 milímetro e superiores a 100 micrometros, situadas no espectro eletromagnético na faixa onde termina a radiação infravermelho e começam as micro-ondas.

                                 Posição dos raios t no espectro eletromagnetico

PRODUÇÃO DOS RAIOS-T

Os raios-T são produzidos nas explosões solares e são difíceis de observar na superfície da terra porque são absorvidos pela atmosfera. Os primeiros registros na astronomia desses raios foram feitos pelo físico brasileiro Pierre Kauffmann e pelos engenheiros argentinos Adolfo Marun e Pablo Pereyra que trabalhavam no Complexo Astronômico El Leoncito (Casleo), instalado a 3 mil metros de altitude nos Andes Argentinos. Eles fizeram tais registros com o Telescópio Solar para Ondas Submilimétricas (SST) projetado para observar radiações do sol na faixa dos raios T. O fato aconteceu depois das 4 horas da tarde de 4 de novembro de 2007 quando ocorreu uma das maiores explosões solares já registrada.
Não há dificuldades técnicas para a construção de fontes de luz visível de luz ultravioleta, de micro-ondas, de radiofrequência ou de ampolas de raios-X, porém a construção de fontes de raios-T era, até há pouco tempo, um desafio tecnológico que só agora foi superado. Foi pela absorção dos raios –T produzidos no sol pela atmosfera e pela inexistência de fontes artificiais desses raios que permaneceram praticamente desconhecidos e suas propriedades não podiam ser estudadas e nem podiam ser usados na tecnologia.
A partir de 2004 começaram a ser produzidas fontes de raios – T e já existem, no setor privado, empresas dedicadas à pesquisa dos raios-T e à produção de fontes dessa radiação e de máquinas capazes de registrá-las.

PROPRIEDADES DOS RAIOS T

Os raios-T têm propriedades peculiares. Assim como os raios infravermelhos e as micro-ondas (entre os quais e situam o espectro), eles não têm energia suficiente para produzir ionizações ou produzir efeitos deletérios nas células como fazem os raios-X e a radiação gama. Eles têm curto alcance e são fortemente absorvidos pela atmosfera, atravessam nuvens, nevoeiros, mas não atravessam e são refletidos por metais e água. Eles atravessam matérias não-condutores, como tecido da roupa, papel, cartão, madeira, plástico e cerâmica. Outra de suas propriedades é a capacidade de analisar e identificar composição química de objetos, e por isso podem detectar, por exemplo, explosivos plásticos e fazer a distinção entre materiais, mesmo quando eles são idênticos ao olho e à palpação. Essa capacidade de análise química é útil na segurança e na produção de medicamentos e nas aplicações em diversos campos da tecnologia.

APLICAÇÕES BIOLÓGICAS E MÉDICAS DOS RAIOS T

Inicialmente o uso dos raios-T esteve limitado à astronomia e, no momento, começam a encontrar aplicações também em muitos setores. Na indústria, por exemplo, há laboratórios farmacêuticos que pretendem usá-los para a análise espectral de comprimidos. Eles podem checar embalagens sem abri-las nas indústrias ou realizar tarefas tão cruciais como encontrar defeitos invisíveis no revestimento de aeronaves.
Há interesse de sua aplicação na pesquisa, no campo biológico como na odontologia e medicina onde as imagens começam a ser estudadas porque podem distinguir a pele normal de um tumor e por meio de imagens com raios-T é possível a detecção e diagnóstico diferencial de tumores cutâneos malignos: sua forma, extensão e profundidade.
Os raios-T também têm potencial para aplicação em odontologia e possivelmente, substituindo os raios –x em certos diagnósticos.

USO DOS RAIOS T EM SEGURANÇA

Na era do terrorismo, os Raios-T interessam à segurança, principalmente dos aeroportos, graças às propriedades que têm de atravessar roupas, sem irradiar as pessoas e sem comprometer sua intimidade.
Esse tipo de aplicação não é bem explicado à mídia e ao público e o uso dos raios-T é confundido com o uso raios-X, despertando reações relacionadas com a privacidade e com a saúde das pessoas que não se justificam.
A contribuição dos raios-T para a segurança será fundamental porque podem detectar armas de metal e até bombas de plásticos escondidas sob a roupa dos passageiros e suas bagagens, conforme demonstra a imagem ao lado. Com os equipamentos atuais já e possível escanear e fotografar uma pessoa ou objeto até a 25 metros de distância.

                    Ilustração nº 2 - exemplo do uso dos raios T em segurança



  PESPECTIVAS DO USO DAS IMAGENS COM RAIOS-T

Entre os possíveis benefícios, a descoberta abre caminho para uma série de melhorias tecnológicas em diversos campos:
·         construção de dispositivos mais eficientes para a detecção de armamentos, explosivos escondidos e minas explosivas.
·         melhores imagens em equipamentos médicos e aumento da produtividade em estudos de dinâmica das células e genética.
·         localização, em tempo real, de "assinaturas" de materiais químicos e biológicos escondidos em envelopes, bagagens etc.
·         melhor caracterização de semicondutores
·         aumento da banda de freqüência disponível para comunicações sem fio.

SITES CONSULTDOS

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 TODAS SOBRE A HISTÓRIA DAS RADIAÇÕES NO DIAGNÓSTICO MÉDICO

HISTÓRIA DAS RADIAÇÕES NO DIAGNOSTICO MPEDICO = ONDAS DE CHOQUE - RUÍDO E SOM - PERCUSSÃO E AUSCULTA.

HISTÓRIA DAS RADIAÇÕES NO DIAGNOSTICO MÉDICO = ONDAS DE CHOQUE - PULSO E PRESSÃO ARTERIAL.

HISTÓRIA DAS RADIAÇÕES NO DIAGNÓSTICO MÉDICO – ESPECTRO ELETROMAGNÉTICO = RAIOS X

HISTÓRIA DAS RADIAÇÕES NO DIAGNÓSTICO MÉDICO – ESPECTRO ELETROMAGNÉTICO

A HISTÓRIA DAS RADIAÇÕES NO DIAGNÓSTICO MÉDICO - AS PRIMEIRAS RADIOGRAFIAS, A CHEGADA DOS RAIOS X NO BRASIL - OS RAIOS X NAS GUERRAS - A HISTÓRIA DA EVOLUÇÃO DOS TUBOS DE RAIOS X - A HISTÓRIA DA FLUOROSCOPIA - A HISTÓRIA DA ABREUGRAFIA

A HISTÓRIA DOS FILMES RADIOGRÁFICOS

A HISTÓRIA DOS ÉCRANS REFORÇADORES

A HISTÓRIA DO DIAFRAGMA POTTER-BUCKY

A HISTÓRIA DOS MEIOS DE CONTRASTE EM RADIOLOGIA

A HISTÓRIA DA TOMOGRAFIA CONVENCIONAL – A HISTÓRIA DA TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA

MEDICINA NUCLEAR – PRIMEIRA PARTE = INTRODUÇÃO = CLASSIFICAÇÕES DOS ELEMENTOS= CLASSIFICAÇÕES DOS NUCLÍDEOS

A HISTÓRIA DA MEDICINA NUCLEAR – A DESCOBERTA DA RADIOATIVIDADE = BECQUEREL = MARIE E PIERRE CURIE 

A HISTÓRIA DA MEDICINA NUCLEAR– A NATUREZA DAS RADIAÇÕES α, β e γ

A HISTÓRIA DA MEDICINA NUCLEAR– O CONCEITO DE RADIOTRAÇADOR

A HISTÓRIA DA MEDICINA NUCLEAR - OS  DETECTORES NA FASE  DE 1896 A 1936

A HISTÓRIA DA MEDICINA NUCLEAR– HEVESY E O CONCEITO DE RADIOTRAÇADOR = A EXPERIÊNCIA DE BLUMGART = A TERAPIA COM RADIOISÓTOPOS NATURAIS

A HISTÓRIA DA MEDICINA NUCLEAR- A TERAPIA COM ISÓTOPOS ARTIFICIAIS- A MEDICINA ATÔMICA E A MEDICINA NUCLEAR – OS ISÓTOPOS DO IODO- OS DETECTORES ELETRÔNICOS DE CINTILAÇÃO.

A TERCEIRA FASE DA HISTÓRIA DA MEDICINA NUCLEAR – O CINTILÓGRAFO LINEAR – A CÂMERA DE CINTILAÇÃO – A SPECT

HISTÓRIA DA MEDICINA NUCLEAR – RADIOIMUNOENSAIO  – GERADOR DE TECNÉCIO – CIRUGIA RADIOGUIADA

HISTÓRIA DA MEDICINA NUCLEAR – POSITRON EMISSON TOMOGRAPHY – PET – AS IMAGENS HÍBRIDAS

HISTÓRIA DAS RADIAÇÕES – HISTÓRIA DA RESSONÂNCIA NUCLEAR MAGNÉTICA

HISTÓRIA DAS RADIAÇÕES = HISTÓRIA DO ULTRASSOM

RAIOS INFRAVERMELHOS - A TERMOGRAFIA



terça-feira, 18 de março de 2014

HISTÓRIA DAS RADIAÇÕES = HISTÓRIA DA TERMOGRAFIA

RAIOS INFRAVERMELHOS - A TERMOGRAFIA
Prof. Dr. João Eduardo Irion
Faculdade de Medicina
Universidade Federal de Santa Maria – RS – BR
Médico Nuclear
Serviço de Medicina Nuclear de Santa Maria
jirion @terra.com.br
joaoeduirion.blogspot.com.br


A TERMOMETRIA

Platão, Aristóteles, Hipócrates e Galeno conheciam a relação entre calor e a vida. Hipócrates notou variação de calor entre as diferentes partes do corpo humano. Ele considerou o calor como o principal sinal diagnóstico de doença “quando uma parte do corpo é mais quente ou mais fria que o restante então a doença está presente nesta parte.
No início, a avaliação da temperatura dos pacientes era feita de modo subjetivo com a colocação do dorso da mão na fronte do paciente. O primeiro a estabelecer e publicar as observações da temperatura corporal e suas variações na febre foi Anton De Haden em 1754.
Em 1592, Galileu inventou o termoscópio, um termômetro rudimentar sem escalas, daí o nome, que serviu de base para um termômetro líquido com flutuadores que é hoje usado como objeto para decoração.
                                                  
                                       Ilustração 1 termômetro de flutuadores de Galileu.

 No século XVII, Jean Ray, um médico francês, inventou um termômetro semelhante aos termômetros atuais, usado para medir temperaturas através da contração ou dilatação da água contida no reservatório de vidro.
Fernando II, Duque de Toscana, fundador de uma academia em Florença, especializada na construção de termômetros, construiu um termômetro semelhante ao de Ray, para medir temperaturas abaixo do ponto de solidificação da água, utilizando álcool no lugar de água, pois o seu ponto de congelamento é muito baixo. Ele fechou a extremidade do tubo para evitar a volatilidade do álcool. O termômetro do Duque de Toscana se parece com o que utilizamos na atualidade. Em 1659. Sanctorius substituiu o álcool por mercúrio.
Nos primeiros termômetros, as escalas usadas para mediar a temperatura eram arbitrárias. Cada cientista tinha sua escala e muitos utilizavam, ao mesmo tempo, vários tipos de escalas. Então Newton sugeriu a utilização de duas temperaturas de referência para a construção da escala termométrica – a temperatura do corpo humano e a temperatura de solidificação da água e entre elas doze divisões.
A partir da ideia das temperaturas de referência foram criadas outras escalas, mas as escalas mais usadas foram a escala do francês René Anatoine Ferchault de Réamur criada em 1731, a do alemão Gabriel Daniel Fahrenheit criada em 1734 (de uso nos países de língua inglesa) e a escala centigrama, criada em 1742, hoje chamada escala Celsius em homenagem a seu criador, o físico sueco Anders Celsius. Essa última foi a escolhida pelos congressos internacionais como escala padrão para medir temperaturas em todas as atividades e em todos os países do mundo.
        
                                        Ilustração 2 Gabriel Daniel Fahrenheit



                                               Ilustração 3 Anders Celsius

DA TERMOMETRIA PARA A CALORIMETRIA NA MEDICINA


A avaliação da temperatura local da pele começou com Spurgin que, em 1857, construiu um termoscópio para o diagnóstico diferencial de tumores de mama pelas variações de temperatura na superfície cutânea.
Depois a calorimetria médica foi enriquecida com as medidas objetivas da temperatura cutânea, usando métodos semiquantativos, comparando-se à temperatura de uma área da superfície corporal com a outra contralateral simétrica. Esse tipo de medida é feita com os aparelhos chamados calorímetros. Os calorímetros são aparelhos compostos de dois termopares, de um mostrador com escala e de uma agulha cuja deflexão indica as áreas quentes. O procedimento de medida consiste na comparação, por meio dos termopares, de dois pontos simétricos, por exemplo, de cada lado da coluna vertebral. Entre esses aparelhos estão o Nervoscope e o Termeter. O primeiro calorímetro foi inventado por B. J. Palmer em 1925 e pateteado em 1935. Os medidores de temperatura superficiais caíram em desuso depois do aparecimento da termografia no início dos anos 60.
                        
                                        
                                  Ilustração 4 calorímetro

A TERMOGRAFIA DE CONTATO

A história da termografia começou com a termografia de contacto. Hipócrates fizera a primeira termografia de contacto de um ser humano, untando o corpo do paciente com lama e verificando o primeiro local onde ela secava mais rapidamente.
       
                                  Ilustração 5 reprodução da termografia de Hipócrates

A termografia de contacto tornou-se possível depois que a tecnologia permitiu encapsular os cristais líquidos. Essa técnica consiste na medida de temperaturas locais do corpo por meio de placas de cristais líquidos de colesterol colocadas sobre a área de interesse. É um método fácil, rápido e barato de avaliar a temperatura local em que a temperatura é expressa por uma escala de cores nos cristais líquidos que é diferente da escala de cores das termografias com câmeras de raios infravermelhos.

                                                           Ilustração 6 termografia de contato.

A TELETERMOGRAFIA OU TERMOGRAFIA

Os fundamentos da termografia começaram a ser estabelecidos no século XV por Gianbattista Della Porta a quem cabe o papel de pioneiro. Entre suas experiências óticas destaca-se o desdobramento da luz, ou seja, a descoberta do espectro solar obtido por meio do prisma. Também cabe a ele o retorno aos estudos da formação de imagens em câmeras escuras (ou câmeras estenopeicas) que Aristóteles já conhecia e que se tornou a base física da câmera fotográfica.

                                           Ilustração 7 Gianbattista Della Porta

Depois destaca-se nessa história a descoberta dos raios infravermelhos com o experimento pioneiro realizado por Sir William Herschel em torno de 1800. Nesse evento ele usou um prisma quando verificou, com auxilio de um termômetro, o aumento da temperatura fora do espectro solar visível, junto da banda do vermelho. Essa nova radiação do espectro eletromagnético recebeu vários nomes tais como “raios invisíveis”, “espectro termométrico”, “raios que provocam calor” e “calor escuro”. O termo raio infravermelho apareceu depois de 1880 sem que se saiba quem o propôs.

                                                       Ilustração 8 William Herschel



                                                    Ilustração 9 Sir John Frederic William

Sir John Frederic William Herschel, filho de William, tem papel importante na história das radiações porque ele foi um dos pesquisadores que desenvolveu a fotografia, de grande importância no desenvolvimento da radiografia, ultrassonografia, cintilografia e termografia. Foi ele quem, pela primeira vez, registrou em papel fotográfico os raios infravermelhos do espectro luminoso.

            DA TELETERMOMETRIA PARA A IMAGEM NA TERMOGRAFIA

O avanço final na avaliação da temperatura foi a substituição da termografia de contacto pela teletermografia, isto é a medida à distância do calor da superfície corporal  com câmeras de raios infravermelhos.
O passo inicial na teletermometria (medida de temperatura a distância) tornou-se possível depois da invenção do bolômetro em 1878 pelo astrônomo estadunidense Samuel Pierpont Langley.
     

                                       Ilustração 10 - o bolômetro.

Em 1928, M. Czerny em Viena criou um método chamado evapografia com o qual fez a primeira imagem termográfica de um ser humano. Esse aparelho foi aperfeiçoado durante a Segunda Guerra para detectar tropas e navios em movimento à noite.
O uso médico da termografia começou em 1952, na Alemanha, com os médicos Ernest Schwamm Ernst e Johann Jost Reeh que criaram e patentearam em 15 de junho de 1954 um detector que era uma variante do bolômetro. Tratava-se de um bolômetro sensível ao infravermelho, com o qual era possível a medida sequencial de diferentes partes do corpo humano. O método foi utilizado em vários países, inclusive nos Estados Unidos. Eles fundaram a primeira associação médica de termografia em 1954, a Deutsche Gesellschaft für Thermographie und Regulationsmedizin.
Em 1955, o Dr. Ray Lawson do Canadá obteve licença para usar em pesquisas médicas as câmeras de infravermelho que, até então, não estavam disponíveis para os civis porque eram consideradas armas secretas. Foi com elas que ele apresentou os primeiros trabalhos sobre a temperatura cutânea no câncer da mama.
As primeiras câmeras usadas para fins militares tinham pouca resolução térmica e pouca resolução espacial. Nessa época, a precariedade das imagens, a existência de várias formas de aplicação do método, a inexistência de softwares apropriados e o uso do método por pessoas não habilitadas desacreditaram a termografia como método diagnóstico.
                                      
                                                             Ilustração 11- câmera infravermelha.

A partir dos anos 80, os sistemas computadorizados, os softwares específicos, a realização de imagens em tempo real e sensores de altíssima resolução (capazes de distinguir variações de temperaturas de 0,1º) mudaram radicalmente o conceito do método na classe médica. Hoje existem câmeras e equipamentos que fazem fotografias em tempo real, processadas com softwares específicos e distinguem variações de 0,1° de temperatura, tornando a teletermografia de superfície cutânea um método clínico de grande valor.

             Ilustração 12 Termografia das mamas. à direita uma paciente normal; à esquerda uma paciente com câncer de mama.

A termografia e a angiografia foram os principais tópicos do XIII Congresso Internacional de Radiologia em Madrid 15 a 20 de outubro de 1973, do 1° Congresso Europeu de Termografia em Amsterdã de 14 a 18 de junho de 1974 e incluída no Congresso Internacional de Radiologia do Rio de Janeiro, em outubro de 1977.
A termografia é utilizada no diagnóstico de doenças vasculares periféricas causadas por arteriosclerose, doenças colagenosas, síndrome de Raynaud, distrofia simpático-reflexa, oclusão da arterial, trombose venosa profunda, microangiopatia diabética, alterações na vascularização da cabeça e pescoço, alterações neurológicas, tendinites, síndrome do túnel de carpo, fibromialgia, neoplasia da mama, pele, testículos, doenças de tireóides como tireoidite aguda e no acompanhamento pós-operatório, na determinação do nível de amputação do membro isquêmico, no intraoperatório de cirurgia cardíaca e em outras indicações.


                                       
                                  Ilustração 13 Termografia em aeroporto durante a epidemia de gripe suína para detectar passageiros com febre.

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sábado, 15 de março de 2014

HISTÓRIA DAS RADIAÇÕES = HISTÓRIA DO ULTRASSOM

Ultrassom



Prof. Dr. João Eduardo Irion
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O EFEITO DOPPLER FIZEAU

Em 1842, Johann Christian Andreas Doppler, matemático austríaco, publicou a obra intitulada “Uber das farbige Licht der Doppelsterne” (Sobre as Cores da Luz das Estrelas Duplas), descrevendo a variação da cor da luz das estrelas segundo seu movimento de aproximação ou afastamento do observador. A descoberta passou a ser conhecida como “efeito Doppler”, que é válido tanto para a luz como para o som.      

         

Johann Christian Andreas Doppler
                                       

                                             Armand Hippolyte Louis Fizeau

Em 1848, trabalhando independentemente o físico francês Armand Hippolyte Louis Fizeau, descreveu o mesmo fenômeno ao utilizar raias de Fraunhofer como linhas de referência para determinar os deslocamentos das estrelas na direção da Terra, usando esse fato para medir suas velocidades radiais. A partir daí o fenômeno passou a ter o nome de “efeito Doppler-Fizeau”.
O efeito Doppler também ocorre com o som e coube a Cristoph Hendrik Diederik Buys Ballot, um meteorologista holandês, demonstrá-lo em 1845. Nesse ano, ele realizou uma experiência em um trem na linha Ultrech-Amsterdam cujo desenrolar teve duas versões. Na primeira, vários corneteiros ocupavam um vagão aberto em um trem puxado por uma locomotiva que percorria diversas vezes o mesmo trajeto em diferentes velocidades, enquanto os corneteiros emitiam uma nota diferente cada vez que passavam pela estação. Simultaneamente, na plataforma da estação, vários músicos de ouvidos apurados registravam as notas que conseguiam ouvir. A outra versão diz que foram usados dois conjuntos de corneteiros, um parado na estação e o outro na plataforma do trem em movimento. Os dois conjuntos emitiam a mesma nota musical quando o trem passava na estação e a frequência dos sons emitidos não coincidia.
                                          Cristoph Hendrik Diederik Buys Ballot
                             

A PROPAGAÇÃO DO SOM NA ÁGUA

A tecnologia para uso do ultrassom em medicina tem estreita relação com a propagação do som na água e por isso o tema será abordado a seguir. Jean Daniel Colladon, engenheiro e advogado, foi quem, em 1826, mediu pela primeira vez a velocidade do som na água. Ele o fez com o auxílio de seu amigo Charles Francois Stur. Para realizar a medida da velocidade do som na água, Stur tripulou um barco no lago Genebra com um sino mergulhado na água, e, a dez milhas de distância, Colladon noutro barco, estava munido de um tubo cuja extremidade mergulhada na água tinha a forma de trompa e a outra extremidade era apropriada para ser colocada no seu ouvido. A experiência consistia em Sturn disparar um foguete no exato momento em que fazia soar o sino dentro d’água e a luz do foguete era o sinal para o início da medida do tempo entre a partida e a chegada do som, fatos cronometrados por Coladon.

                                            Jean Daniel Colladon
               
Colladon publicou sua experiência com o título “Dissertation on the compression of liquids and the speed of sound in water” e sugeriu que o eco do som podia ser usado tanto como medida da profundidade dos mares como para comunicação entre barcos.

A TEORIA DO SOM

A teoria do som foi elaborada e fundamentada com tratamento matemático por John William Strutt, que era o Lord Rayleigh (Prêmio Nobel de Física de 1904), e apresentada em dois livros com o titulo de Theory of Sound editados em 1877-1878.

                                John William Strutt, o Lord Rayleigh
                                       

A MAGNETOESTRIÇÃO, O EFEITO VILLARI E O EFEITO PIEZOELÉTRICO

Em 1847, durante a análise de uma amostra de níquel, o físico britânico James Prescott Joulle descobriu o efeito chamado magnetoestrição pelo qual as substâncias ferro-magnéticas, tais como o ferro, o cobalto e o níquel mudam de dimensões quando submetidos a um campo magnético. Essa propriedade permite transformar energia magnética em energia cinética e vice-versa.
O efeito contrário, ou seja, a alteração das propriedades magnéticas de um objeto ferro magnético submetido a estresse mecânico é definido como efeito Villari. O zumbido que se ouve nos transformadores é o resultado da magnetoestrição causada pela corrente alternada nos fios das bobinas desses equipamentos.
Em 1881, os irmãos Pierre e Jacques Curie, estudando as propriedades dos cristais descobriram o efeito piezelétrico no qual um cristal submetido à compressão gera uma corrente elétrica. Gabriel Lippman deduziu matematicamente o efeito contrário no qual a corrente elétrica aplicada ao cristal determina seu aumento de volume.
                                                    Pierre  Curie
                                                        Jacques Curie
                                    
As descobertas por Joule da magnetoestrição e a descoberta do efeito piezoelétrico pelos irmãos Curie e por Lippman tornaram possível a construção de transdutores para emissão e recepção de ultrassons mesmo com frequência de milhões de ciclos (megahertz).

OS TRADUTORES

Os transdutores são equipamentos que convertem uma forma de energia em outra forma de energia. O transdutor de uso mais comum é o alto-falante o qual nos aparelhos de sons convertem energia elétrica em energia sonora.
No passado, quando era difícil a construção de microfones, os alto-falantes também eram usados na tarefa inversa, isto é, eles convertiam som em corrente elétrica.
A maior parte das vezes, os transdutores usados em ultrassonografia se baseiam no efeito piezoelétrico e mais raramente utilizam a mangetoestrição; em alguns casos utilizam os dois processos.
Um exemplo de transdutor natural é o ouvido. O ouvido é um transdutor complexo, encarregado da conversão de várias formas de energia mediante um processo que ocorre em três fases. Na primeira fase, o som que chega ao ouvido é conduzido e amplificado pelo conduto auditivo externo e a partir daí a primeira conversão de energia ocorre no tímpano onde o som é convertido em energia mecânica que, imediatamente, o tímpano transfere à cadeia de ossículos.
A cadeia de ossículos e sua musculatura atuam como um sistema de alavancas, funcionando como um amplificador e aumentam em quinze vezes a energia mecânica que receberam do tímpano. A segunda fase da conversação energética ocorre com a transformação da energia mecânica (já amplificada) em energia hidráulica por meio do o estribo que passa a energia recebida para a janela oval onde é transmitida ao líquido contido no caracol. A conversão final ocorre na terceira fase com a transformação da energia hidráulica em energia elétrica, quando a variação da pressão hidráulica excita as células basilares gerando energia elétrica que é enviada ao cérebro.

A ECOLOCALIZAÇÃO

A ultrassonografia tem por base o princípio da ecolocalização, que consiste na localização no espaço de um objeto, medindo-se o tempo entre a emissão do ultrassom e seu retorno à fonte emissora (eco).
                                          
                                          Lazzaro Spallanzzani.
                                          
A ecolocalização natural, chamada de biossonar, é considerada o sexto sentido de alguns animais que são capazes de emitir e ouvir ultrassons na frequência entre 20 e 150 MGHZ e inspirou a criação da ecolocalização artificial. A ecolocalização artificial é tecnologia que utiliza dois tipos de onda, o ultrassom (SONAR) e as microondas eletromagnéticas (RADAR). As duas formas são utilizadas com fins bélicos e para fins pacíficos e nesse último caso, um exemplo é o uso de ultrassom com fins médicos.
A ecolocalização natural foi observada pela primeira vez, em 1790, pelo fisiologista italiano Lazzaro Spallanzzani. Ele demonstrou que os morcegos voavam orientados pelos ouvidos e não pelos olhos. Para isso vedou os olhos dos morcegos e percebeu que eles voavam evitando os obstáculos e não tinham problemas para caçar insetos, mas os morcegos com ouvidos obstruídos com cera tornavam-se incapazes de evitar obstáculos ao voo ou caçar.
Em 1938, o estudante Donald R. Griffin, depois professor de Zoologia, auxiliado por Robert Galambos, mostrou que os morcegos não usavam o som, mas sim o ultrassom na frequência de 60 a 120 quilohertz para voar e caçar.
A demonstração de que os morcegos usavam a ecolocalização por meio de ultrassons veio quando ficou demonstrado que, com a boca e as orelhas cobertas, os morcegos colidiam com qualquer coisa no seu caminho, inclusive nas paredes de um quarto escuro. Com a boca e o os ouvidos livres, os pequenos morcegos Myotis lucifugus voavam no escuro sem colidir numa tela de arame com intervalos de 14 cm, e somente quando o arame era reduzido a 0,07 cm (o diâmetro de um fio de cabelo) seu sistema de detecção não funcionava.
Griffin publicou seus estudos em 1958 no livro “Listening in the Dark” e em 1960 numa publicação mais popular intitulada “Echoes of Bats and Men”. Foi ele quem, criou o termo ecolocalização para descrever o fenômeno.
A ecolocalização, como sexto sentido animal, além de orientar a locomoção e a captura, detecta posição, velocidade e tipo de contextura dos alvos. Entre os animais dotados do sexto sentido estão os morcegos, os golfinhos, alguns marsupiais, os cães e algumas aves como o guácharo, as andorinhas das cavernas e as corujas.
Observando os cães perdigueiros este autor concluiu que eles não caçam só pelo faro, mas também pela audição de ultrassons. É por isso que, ao ouvir o ultrassom emitido pela perdiz, eles se convertem em estátuas na postura de “amarração”.

APLICAÇÃO BIOLÓGICA DO ULTRASSOM

O primeiro aparelho usado para aplicação biológica do ultrassom foi o apito de Galton, que recebeu o nome de seu criador, Francis Galton, que o usou para avaliar os limites da capacidade auditiva de pessoas. O apito é um tubo de latão com um diâmetro interno de cerca de 2 mm por onde passa um jato de ar através de um orifício numa cavidade de ressonância. Um botão altera o tamanho da cavidade, variando a frequência emitida, desde o som audível até a faixa do ultrassom. Por meio do apito, Galton verificou que o limite máximo de som audível pelo homem é de 18 kHz. O apito emissor de ultrassons é hoje utilizado no treinamento de cães.

                                         Francis Galton

O SOM E O ULTRASSOM NA NAVEGAÇÃO MARÍTIMA

O desastre do Titanic em 1912 e o domínio dos mares, especialmente do Mediterrâneo pelos submarinos alemães durante a Primeira Guerra Mundial (1911-1914) despertaram a atenção para a localização de corpos submersos no mar (icebergs e submarinos), usando a ecolocalização por meio dos sons de baixa frequência (sons audíveis), pois não havia, no início do século XX, meios tecnológicos de produzir e detectar ultrassons.
Em 1912, um mês depois do naufrágio do Titanic, Lewis Richardson meteorologista inglês, patenteou um detector subaquático usando som de baixa frequência. Em 1914, o canadense Reginald Fressenden patenteou nos Estados Unidos outro detector subaquático de som de baixa frequência, capaz de detectar icebergs a duas milhas de distância, mas seu equipamento não conseguia precisar a localização do obstáculo.

O ULTRASSOM NA TECNOLOGIA

Em 1915 foi criado o primeiro transdutor capaz de emitir e receber ultrassons no meio aquático. A invenção que operava na frequência de 150 kHz foi criada pelo físico francês Paul Langévin juntamente com o cientista russo Constantin Chilowsky que trabalhava com ele na França. Essa invenção foi chamada de “Hidrofone”.

                                                    Paul Langévin
O hidrofone foi usado para localizar os submarinos alemães na Primeira Guerra Mundial e, em abril de 1916, com o apoio do aparelho, foi afundado o primeiro submarino alemão, o UC-3. A partir de 1930, o hidrofone tornou-se a base do SONAR ecopulsantes cuja tecnologia foi considerada como arma secreta na época. Depois, praticamente todos os navios e transatlânticos estavam equipados com um sistema subaquático de detecção de ecosonoro.
Outro avanço tecnológico foi o desenvolvimento do Radar (acrômio formado pelas iniciais das palavras Radio Detection And Ranging). Em 1935, Robert Watson criou o primeiro RADAR a partir das pesquisas da reflexão da radiofrequência, realizada em 1924 por Edward Appleton (Prêmio Nobel de Física de 1947) que demonstrou a reflexão das ondas de rádio na camada ionizada da atmosfera e que ele chamou de ionosfera.
Em 1925, o cientista russo Sergei Sokolov prepôs o uso de ultrassom como ferramenta tecnológica, para detecção de falhas em peças de metal fundido, baseados em pulsos de curta duração. O equipamento proposto deveria funcionar por transmissão, mas ele logo deduziu que o método melhor era o uso de equipamentos de reflexão do som. Suas ideias não puderam ser executadas porque não havia tecnologia adequada na época para construção de equipamentos apropriados.
Em 1936, Raimar Pohlman, na Alemanha, desenvolveu equipamento de transmissão de ultrassom para detectar falhas nos metais, principalmente, na couraça de navios e tanques. O aparelho, conhecido como “Raimar Cell”, foi o ponto de partida de outros equipamentos com o mesmo fim.
Em 1945, Floyd A. Firestone da Universidade de Michigan e Donald Sproule na Inglaterra, trabalhando sem conhecimento um do outro, desenvolveram novos equipamentos cujas patentes só foram conhecidas depois da Guerra. A máquina de Firestone, montada a partir de um equipamento de radar modificado, recebeu o nome de “refletoscópio” e usava um só transdutor para emitir e receber os sinais. O equipamento de Sproule usava dois transdutores, um para emissão, outro para recepção. A partir de 1947, a invenção do transistor e do primeiro computador digital viabilizaram os novos e melhores aparelhos de ultrassom.
NA MEDICINA O ULTRASSOM COMEÇOU A SER USADO EM TERAPIA
Nos anos 1920, Longevin notou a morte de cardumes de peixes sob ação dos equipamentos de ultrassom. Também se tornou conhecida a dor provocada pelo ultrassom quando a mão era colocada na água com o equipamento funcionando. Esses fatos e também a destruição de tecidos em animais com poderosos aparelhos de ultrassom conduziram o uso inicial do ultrassom para a terapia e em medicina física e reabilitação.
O uso médico do ultrassom aconteceu a partir dos anos 30 com os trabalhos originais de Robert Wood, Newton Harvey e Alfred Loomis em Nova York e R Pohlman em Erlangen, na Alemanha.
O ultrassom tornou-se ferramenta neurocirúrgica quando William Fry da Universidade de Illinois e Russel Meyers da Univerisdade de Iowa o usaram em craniotomias para destruir parte dos gânglios basais em pacientes com doença de Parkinson, enquanto Peter Lindstrom de São Francisco relatou ablação de lobos frontais para aliviar a dor em pacientes terminais com metástases cancerosas.
Entre outras aplicações estão os trabalhos de Jerome Gersten da Univeridade do Colorado que usou ultrassom para tratar pacientes com artrite reumatóide, Peter Wells na Inglaterra e Michele Arsla em Pádua usaram o ultrassom para tratar doença de Menière.
Em 1936, a Siemens começou a venda do primeiro aparelho de ultrassom para terapia, o “Sonostat”.
Em 1940, o ultrassom já se tornara uma panacéia para tratamento das mais variadas patologias mesmo sem muitas evidências científicas e sem avaliação dos danos e de sequelas, passando a “curar”, por exemplo, desde dores articulares até úlcera gástrica, eczema, asma, tireotoxicose, hemorróidas, incontinência urinária, elefantíase e até angina do peito e outras. A iatrogenia e os efeitos secundários do uso indiscriminado do ultrassom geraram severas críticas que viriam prejudicar a aplicação posterior do ultrassom no diagnóstico.

O ULTRASSOM NO DIAGNÓSTICO

Enquanto na Radiologia e na Medicina Nuclear os avanços tecnológicos resultaram de atuações individuais, na imagem gerada pelo ultrassom a contribuição de pesquisadores isolados foi pequena. A história mostra que os avanços tecnológicos obtidos resultaram do trabalho de equipes multidisciplinares com a participação de médicos, físcos, engenheiros bioengenheiros, informatas, administradores de empresas e autoridades governamentais. O progresso também resultou de esforços multi-institucionais, compreendendo clínicas, hospitais, governo, indústrias e outras organizações mediante um esforço mundial, com pesquisas simultâneas em vários países, principalmente na Alemanha, Suécia, Finlândia, Estados Unidos, China e Japão, onde pesquisadores trabalhavam no mesmo projeto, ao mesmo tempo sem que um conhecesse o que o outro estava fazendo.
Essa evolução complexa dificulta a precisão cronológica dos fatos principais e a citação de nomes e datas como é convencional nos relatos históricos, sem que se cometam injustiças.
A rapidez no desenvolvimento do uso do ultrassom no diagnóstico médico foi impulsionada pelas sucessivas descobertas e invenções tais como as válvulas diodos e tríodos, o transistor, os circuitos integrados, o computador e a informática.
A história do ultrassom no diagnóstico médico começou a partir de 1940, ano em que H. Gohr e Th. Wedekind da Universidade de Kohn na Alemanha publicaram o trabalho “Der Ultraschall in der Medizin”, sugerindo a ecografia similar à usada na detecção de metais como ferramenta diagnóstica, mas não apresentaram resultados condizentes.
Nos anos 40, o neurologista e psiquiatra Karl Theodore Dussik da Universidade de Viena começou estudar a possibilidade de usar o ultrassom com fins diagnósticos. Ele e seu irmão Frederic, também médico, tentaram obter imagens do cérebro por uma técnica de transmissão do ultrassom, usando, de cada lado da cabeça dois transdutores, um funcionando como emissor e o outro como receptor. Com esse método que eles chamaram de “hiperfonografia”, acreditaram obter imagens dos ventrículos e as apresentaram em um trabalho em 1942. Em maio de 1948, no Primeiro Congresso de Ultrassom em Medicina realizado em Erlange, Alemanha, Dussik e outro pesquisador chamado Keidel foram os únicos a apresentar trabalhos sobre o uso do ultrassom no diagnóstico enquanto todos os demais temas apresentados versavam sobre o uso do ultrassom em terapia. Mais tarde ficou demonstrado que as imagens obtidas por Dussik não eram dos ventrículos e, sim, eram resultados de artifícios provocados pela calota craniana.

                                                  Karl Theodore Dussik 

Na França, André Dénier publicou em 1946 um trabalho teórico sobre transmissão de ultrassom sugerindo uma técnica de transmissão com gravação em osciloscópio que chamou de “ultrassonoscopia”. Ele publicou em 1951 o livro "Les Ultras-sons -- Appliques a la Medecin".

O ULTRASSOM MODO-A

O fracasso do uso da técnica de transmissão do ultrassom no diagnostico levou o uso do ultrassom para a técnica de reflexão (eco). Esse processo começou pelo modo-A (amplitude), utilizando aparelhos industriais destinados a identificar e localizar falhas nas placas de metais fundidos. Com o ultrassom no modo-A, tanto as falhas nos metais como os reflexos em tecidos orgânicos eram localizados por meio de gráficos que registravam em um osciloscópio as curvas com as amplitudes dos ecos. As curvas registradas no monitor do osciloscópio eram então vistas e fotografadas.
A investigação do ultrassom modo-A com a técnica de reflexão começou nos Estados Unidos com o tenente George Ludwig, médico da marinha americana formado pela Universidade de Pensilvânia em1946. Suas pesquisas ocorreram quando trabalhava no Naval Medical Research Institute in Bethseda, Maryland. Elas foram realizadas inicialmente em animais, usando um equipamento industrial modo-A. O objetivo da pesquisa era detectar, localizar cálculos e corpos estranhos, por exemplo, cacos de vidro nos tecidos animais. Ludwig pesquisou a física do ultrassom em vários tecidos, incluindo, músculos e órgãos de cães e porcos. Ele também estudou a localização por meio do ultrassom de cálculos fora do corpo, para isso os colocava dentro de pedaços de músculos.

                                      George Ludwig

Seu trabalho foi inicialmente considerado secreto e por isso só foi publicado em 1949, pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos. Seu relatório de junho de 1949 é considerado a primeira comunicação sobre uso de ultrassom em medicina nos Estados Unidos. A partir daí os aparelhos modo-A passaram a ser usados ao redor do mundo e conviveram com os aparelhos modo-B até o final da década de 50.
Na década de 50, a Greenwood and General Precision Laboratories começou a comercializar o “Ultrassonic Lacator” que foi o primeiro aparelho “dedicado” produzido para fins médicos, modo–A que Ludwig passou a usar em Medicina e Biologia.
Entre os pioneiros dessa etapa estão Douglas Gordon, J.C. Turner e Val Mayneord em Londres; Lars Leksell, Stigg Jeppson e Brita Lithander na Suécia; Marinus de Vlieger em Roterdan Kenji Tanaka e Toshio Wagai no Japão; Inge Edler e Carl Hellmuth Hertz na cardiologia, Sven Effert na Alemanha; Claude Joyner e John Reid na Universidade de Pensilvânia e Chih-Chang Hsu na China.
Aparelhos modo-A foram usados pela primeira vez em oftalmologia por Henry Mundt Jr. e William Hughes na Universidade de Ilinois em 1956, Arvo Oksala na Finlândia e Gilbert Baum e Ivan Greeenwood em 1957.

O ULTRASSOM MODO-B

A influência das imagens da Radiologia e da Medicina Nuclear inspiraram a conversão dos registrados dos ecos de ultrassons no modo-A em imagens, dando origem ao modo-B, onde “B” significa “brilho”. O modo-A e o modo-B conviveram por longo tempo, até que a imagem do ultrassom predominou e o modo-A é hoje usado somente em oftalmologia.
                                       John Julian Wild
                                       
                                                   Jonh M. Reid
                                         
O desenvolvimento do modo-B começou na década de 50 com equipes multidisciplinares lideradas por médicos. Entre os principais pesquisadores que contribuíram para a criação do modo-B estão John Julian Wild, cirurgião inglês do Medic Technological Research Institute of Minnesota, juntamente com o engenheiro Donald Neal, os quais inicialmente trabalharam com um aparelho unidirecional modo-A, junto com o engenheiro John Julian Wild do National Cancer Institute. Wild and Reid montaram o primeiro aparelho modo-B e publicaram em 1952 seu trabalho "Application of Echo-Ranging Techniques to the Determination of Structure of Biological Tissues". Foram eles os criadores do termo ecografia.
                                      Scanner de 1957

                                          
US 1957
O líder no desenvolvimento e uso do ultrassom modo-B foi Douglas Howry, radiologista do Veteran’s Administration Hospital. Ele iniciou suas pesquisas em ultrassom em 1948. Em 1951 Howry junto com o nefrologista Joseph Homles e os engenheiros William Roderic Bliss e Gerald J Posakony criaram o primeiro aparelho modo-B com “sistema de ultrassom em tanque de imersão”. Em 1954, construíram “Somascope”, um aparelho motorizado, montado em torno de um anel metálico em um tanque de imersão cheio de água. As imagens obtidas foram batizadas com o nome de “somogramas”.

                                               Douglass Howry

Os trabalhos de Douglass Howry, Joseph Holmes e equipes no desenvolvimento do modo-B foram importantes, abrangendo também a elaboração de circuitos eletrônicos. Em 1957 Howry e equipe criaram o “Pan-scanner”. Os inconvenientes dos aparelhos eram as necessidades de manter o paciente parcialmente imerso em água e imóvel por um longo tempo. Isso levou à criação de um modelo mais prático tendo um saco de água como interface. Depois Homles e sua equipe criaram o transdutor de contato direto usando gel como interface. Em 1962 eles lançaram no mercado o aparelho transdutor com braço multiarticulado.
Por seu trabalho, Howry foi condecorado pela American Medical Association que lhe conferiu o título de “Pai da ultrassonografia diagnóstica”.
Inicialmente as imagens ocorriam nos osciloscópios de persistência que registravam os ecos de picos máximos, como pontos brancos que persistiam no fundo negro da tela, criando uma imagem em preto e branco com detalhes limitados.
As imagens do modo-B e dos gráficos do modo-A eram registradas na tela do osciloscópio e fotografadas inicialmente com câmera fotográfica de 35 mm para que os filmes fossem posteriormente revelados. O avanço seguinte ocorreu com o uso de câmeras fotográficas “Polaroid” que forneciam fotografias no momento do exame, dispensando a revelação. Somente depois da invenção do conversor de varredura, tornou-se possíveis as gravações das imagens em videocassete, que eram enviadas para um arquivo em computador ou impressas via computação.
A pobreza dos detalhes da imagem em preto e branco foi, a seguir, substituída pela escala de cinza, graças aos avanços da tecnologia com a invenção do conversor de varredura. Chama-se “conversão de varredura” a técnica pela qual um dado é coletado num formato e é convertido em outro formato. Trata-se de um equipamento que converte o formato (picos) em outro formato (imagem).O conversor de varredura usado, inicialmente, em aparelhos de ultrassom para diagnóstico acumulava informações num tubo eletrônico e transformava um scanner modo-A em scanner modo-B. Essa técnica somente permitia uma escala de apenas 4 tons de cinza.
No início deste trabalho, o transdutor foi definido como um dispositivo que converte um tipo de energia em outro tipo de energia. Os transdutores usados em ultrassom, por exemplo, convertem energia sonora em energia elétrica. Na técnica ultrassonográfica, o conversor de varredura tornou-se tão importante como o transdutor porque ele permitiu a criação da escala de cinza, depois a criação da escala de cores, e finalmente, as imagens em 3D e em 4D.

O ULTRASSOM EM TEMPO REAL, EM 3D

Outro avanço tecnológico que rapidamente mudou a prática do escaneamento foi o advento dos aparelhos de tempo real. O primeiro aparelho de ultrassom de tempo real, também conhecido como o “modo-B rápido”, foi criado por Walter Krause e Richard Solder junto com J. Paetzold e Otto Kresse e fabricado pela Siemens em 1965 com o nome de “Vidson”.
A história do ultrassom em 3D começou em Glasgow com Tom Broun que montou um complexo escaner multiplanar em 1973, na Sonicaid Ltd. Os melhoramentos para o ultrassom em 3-D na tecnologia de computação apareceram no início dos anos 1980 com algoritmos básicos criados pelo grupo Stanford (J.F. Brinkley, W.D. McCaluum et al) e pelo grupo Holm de Gentofte na Dinamarca.
O ULTRASSOM MODO-M
O uso do ultrassom Modo-M – (movimento) começou em 1954 com a ecocardiografia. A primeira modalidade de registro foi em gráficos unidimensionais, depois acrescido de imagens 2-D e, posteriormente, em imagens em tempo real. O Modo-M ficou completo com o uso do efeito Doppler para avaliação da velocidade da circulação. Em 1959, Sotomura usou pela primeira vez o Doppler ultrassônico.
A EVOLUÇÃO DO NOME DA ULTRASSONOGRAFIA EM MEDICINA
Segundo Charles Grossmann na "First International Conference on Diagnostic Ultrasound" em Pittsburgh, Pensilvânia a terminologia do uso de ultrassom em diagnostico passou pelos seguintes termos:
ultrasonoscopie (Denier in 1946)
hiperphonografia Dussik in 1947
ventriculografia ultrassônica. Ballantine, Bolt, Hueter e Ludwig in 1950.
ecoscopia, para corresponder ao estetoscópio.-  Wild e Reid in 1952
ecograma - Wild e Reid
Ecografia unidimensional ( modo-A)_
Ecografia bi-dimensional – 1,952
somascopia Howry and Bliss
ecoencefalograma Leksell in 1955
sonoencefalograpfia
sonoencefalograma
ultrasono-tomograma no Japão
ecogramas' na Austria
ultrasonografia
ultrasonogramas'
sonograpfia
sonograma'
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